Quartel dos Bombeiros de Salto inaugurado

05 Outubro 2008

Cerimónia, presidida pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, colocou um ponto final ao "calvário" vivido, nos últimos 20 anos, pelos Bombeiros de Salto. A "casa nova", muito elogiada, responde às mais rigorosas necessidades de uma corporação. O dia foi igualmente marcado pelas promessas do Presidente da Câmara ao garantir que, com ou sem dinheiro, Salto vai ter um pavilhão desportivo e um novo lar de idosos.

Foi em clima de emotividade e festa que decorreu a inauguração do muito aguardado quartel dos Bombeiros Voluntários de Salto. Um dia, inesquecível, apadrinhado pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira. A obra, reivindicada há 20 anos, enterra, de vez, todas as frustrações vividas em mais de duas décadas de uma corporação que trabalhou, sempre, em fracas condições.

A este propósito, o comandante da corporação, Orlando Alves, relembrou que os 65 bombeiros de Salto estavam instalados numa "garagem", separada por taipais de madeira para acolher as camaratas, a única casa de banho, a arrecadação e a escola. «O equipamento e as viaturas estavam na rua», acrescentou. Em tom que não escondeu a amargura que foi vivida em tantos anos, Orlando Alves sublinhou a «falta de condições de higiene, funcionalidade, operacionalidade e de privacidade que existiam entre os bombeiros», que têm que proteger e atender a uma área de 400 quilómetros quadrados, grande parte da floresta do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

«CAMPEÃO DA PRATELEIRA»

O comandante referiu que o quartel de Salto foi o «campeão de prateleira». Recorde-se que em 2004, e depois do concurso para a construção da obra ter sido cancelado pelo então Secretário de Estado, ameaçou montar uma tenda na estrada, levar para lá os seus homens, instalados há anos nas traseiras de um prédio, sem o mínimo de condições. Na verdade é que uma semana depois, o Governo prometeu ir a Salto assinar o protocolo de financiamento do quartel. E foi, mas antes cancelou duas datas agendadas. Numa das vezes, e porque o fez com apenas uma noite de antecedência, mesmo sem protocolo e sem governante, o banquete que estava preparado aconteceu na mesma.

Contudo, o mau fado continuou. Pouco depois de ter começado a obra, o empreiteiro faliu, obrigando a nova adjudicação. Todavia, o presente é sorridente a ponto de Orlando Alves referir: «Apesar da novelística desta casa, hoje temos o mais lindo e funcional dos quartéis de Portugal».

Refira-se que as novas instalações possuem parque para sete viaturas, camaratas separadas para homens e mulheres, cozinha, instalações para o quarteleiro e uma área para a administração.

1 MILHÃO DE EUROS DE INVESTIMENTO

O quartel dos Bombeiros de Salto custou 1 milhão de euros. O Governo comparticipou com 400 mil. A verba restante foi assumida pelo município de Montalegre. O facto foi destacado pelo presidente da Associação Humanitária dos BV Salto, João Soares, que teceu rasgados elogios ao presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, classificando o autarca como o verdadeiro "pilar" da obra.

Nesta cerimónia foram igualmente assinados protocolos que vão permitir a criação das duas primeiras Equipas de Intervenção Permanente (EIPS) no distrito de Vila Real. Um total de dez elementos (bombeiros) que, em permanência, estarão disponíveis para intervir na área da protecção e socorro das populações do concelho e cujos vencimentos serão assegurados, em partes iguais, pela Autoridade Nacional da Protecção Civil e pela Câmara Municipal de Montalegre. Uma das equipas ficará afecta aos Bombeiros de Salto e outra aos de Montalegre. Também foram assinados protocolos para a criação de sete brigadas florestais, que vão criar 35 postos de trabalho.

NÚMEROS ANIMADORES

No discurso, o ministro Rui Pereira disse que estava numa «terra rica e com memória» que «é grata a quem lhe faz bem». Aproveitou para destacar a «importância decisiva» da Protecção Civil para que o «direito à segurança» dos portugueses «seja uma realidade». Na palestra, perante as centenas de pessoas que quiseram participar na festa de inauguração do quartel, o homem que chefia a pasta da Administra Interna afirmou que as políticas de protecção civil são de «alto rendimento», porque «poupam vidas e sofrimento e trazem mais felicidades às famílias e às sociedades». Relembrou os dois «desafios» que o país enfrenta em termos de protecção civil: prevenção rodoviária e segurança das florestas.

Na prevenção rodoviária sublinhou os menos 51 mortos registados nas estradas portuguesas comparativamente com o mesmo período do ano passado. O governante salientou que, este ano, se registou em Portugal a «menor área ardida desde 1971». A dado ponto afirmou: «Tivemos uma redução de mais de 90 por cento em relação à média dos últimos dez anos. Este ano com mais ignições e, aparentemente com condições de clima menos favoráveis, tivemos menos área ardida» para rematar dizendo que «também acabou aquele espectáculo recorrente de incêndios passarem de um dia para o outro».

PAVILHÃO DESPORTIVO E NOVO LAR DE IDOSOS

O presidente da Câmara de Montalegre, Fernando Rodrigues, aproveitou a presença do ministro para reivindicar obras no posto da GNR de Venda Nova onde estão destacados quatro agentes e cujo funcionamento é das 9 às 17 horas. Demonstrou ainda "mágoa" pelo atraso na beneficiação da EN 103 que liga o concelho a Braga.

De seguida anunciou (consultar discurso, na íntegra, em anexo) que a autarquia, relativamente às primeiras Equipas de Intervenção Permanentes no distrito de Vila Real, a serem instaladas nos bombeiros de Montalegre e de Salto, «vai assumir encargos com os 10 postos de trabalho de cerca de 60 mil euros por ano». Sem se deter, acrescentou: «Mas não ficamos por aqui. Vamos ter um maior empenho na defesa da floresta e no combate aos fogos florestais e estamos disponíveis para apoiar até 8.000 euros por ano cada uma das 7 brigadas de sapadores, num total anual até 56.000 euros, para manter-mos o serviço e os 35 postos de trabalho existentes. E estamos abertos a apoiar mais 2 brigadas se o Governo decidir criá-las».

Contudo, o ponto alto do edil foi quando prometeu que, com ou sem dinheiro, (tal como anteriormente já tinha feito para a construção do quartel dos Bombeiros de Salto) «Salto vai ter um pavilhão desportivo e um novo lar para idosos», palavras que arrancaram estrondosa ovação.

"DONA MARIA"

A cerimónia foi também aproveitada para homenagear a "dona Maria", a telefonista que, numa central feita de taipas e à mercê do frio e da chuva que passavam pela porta, «passou noites sem conta sem ir à cama só para estar mais próxima do telefone». Ouviu-se «Mil vezes obrigada!».

Inauguração do quartel dos Bombeiros de Salto (Discurso do Presidente da Câmara de Montalegre)

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