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«Será sempre a 'rainha' das feiras»

12 Janeiro 2011
A poucos dias da XX Feira do Fumeiro, Orlando Alves, vice-presidente do município, está confiante que Montalegre irá ter uma grande festa apesar da crise que assola o país. Um discurso de confiança sustentado na qualidade dos produtos e no trabalho de casa de uma organização que não descura todo o e qualquer pormenor para receber os mais de 60 mil visitantes que são esperados de 27 a 30 deste mês.
Que novidades apresentará a XX edição da Feira do Fumeiro e do Presunto de Barroso?
As novidades não serão muitas porquanto não se mexe naquilo que funciona bem. Há, porém, uma substancial novidade que me deixa ufano e permite sonhar com a continuidade da nossa feira. É que aquilo que durante tantos anos quase parecia um pregar no deserto agora converteu-se em realidade e os nossos produtores decidiram-se finalmente pela legalização da sua exploração e actividade. A partir de agora, e são a grande maioria aqueles que têm o seu processo concluído, acabaram-se os medos organizativos ou os apertos de coração face a uma qualquer acção inspectiva mais rigorosa. Tudo marcha doravante como deve ser e por isso quero felicitar os nossos produtores.
 
Que expectativas tem para o certame, tendo em conta o momento actual que o país vive?
As maiores. Estamos em crise como nunca, diria, deixámos de estar. A nossa feira já superou todos os testes e contrariedades. Será sempre a "rainha das feiras" porque o Município nela se empenha e põe todo o saber e entusiasmo. Assim os produtores continuem a aprumar-se na qualidade do fumeiro e o êxito será sempre retumbante.
 
No final da edição de 2010 ficou determinado que a Feira do Fumeiro deste ano receberia só produtores e explorações licenciadas. O que levou a esta decisão?
O cumprimento da lei a que ninguém escapa ou está dispensado. Cumprir é um acto de cidadania que a todos fica bem. E os nossos produtores acabam de dar soberano exemplo de que querem estar na actividade com profissionalismo e perspectivas de futuro.
 
Como olha para o mundo rural no concelho de Montalegre?
O mundo rural está a desaparecer. Pena. Venderam-nos desgraçadamente a ideia de que poderíamos estar na vida campestre e rural sem trabalhar e a viver exclusivamente de subsídios. Criminosa ideia. E o resultado é o que se vê. O município de Montalegre há muito que soube prever este resultado e avançou com esta ideia de valorização dos produtos locais que fez "escola" um pouco por todo o lado. Foi bom mas constata-se não ser suficiente. Vamos acreditar que ainda vai ser possível inverter esta trajectória. Tal porém exige a participação e mobilização de todos que não exclusivamente dos políticos ou dos autarcas. Dizem que não sobreviveríamos sem a adesão à União Europeia. Concordo e é politicamente correcto. Mas convenhamos que o resultado está a ser desastroso igualmente.
Como referi,  a autarquia anteviu a desgraça e há 20 anos que envolveu os agentes económicos em dinâmicas de sobrevivência à catástrofe que com a nossa adesão à então CEE vinha aceleradamente a caminho. Os mais de 200 produtores de fumeiro representam outras tantas pequenas indústrias familiares caseiras que fixam as pessoas à terra e dão sustentabilidade económica à região.
Complementarmente, e graças ao rigor posto na alimentação dos porcos, os produtores vêem-se assim obrigados a trabalhar as suas terras e consequentemente são "jardineiros" que com a sua acção alindam o território. A certificação dos produtos locais a que a Cooperativa Agrícola de Montalegre meteu ombros com sucesso abre campo à criação de oportunidades várias para os nossos rurais.
Também a hotelaria e restauração mereceram a atenção do município de Montalegre que, em conjunto com os empresários locais, conseguiu fazer de Montalegre um destino turístico de eleição ou excelência. Em suma, uma iniciativa nascida há 20 anos, de forma tímida, e que tantos olharam de soslaio, consolidou-se, galgou fronteiras e rapidamente foi seguida como exemplo a abarcar em tantas outras localidades deste país. Hoje fazemos um esforço permanente e constante de valorização dos produtos locais. Temos os barrosões imbuídos deste espírito e embrenhados nesta dinâmica. Este é o caminho a seguir e a forma única de resistir ao garrote que a PAC e a globalização há muito colocaram ao pescoço de países sem estrutura fundiária extensiva como infelizmente é o nosso.
 
Que balanço faz de 20 anos do certame? Em que é que o mesmo contribuiu para o desenvolvimento do concelho?
O balanço é extraordinariamente positivo. Inventaram-se soluções de adaptação da actividade económica concelhia às exigências de um mundo em mutação acelerada que vinha a caminho e permanece nos dias de hoje; recuperou-se uma tradição que estava a desaparecer com a invasão dos vendedores ambulantes; criou-se uma imagem de marca para Barroso; reforçou-se o "Barrosismo" em todos os naturais e residentes; reacendeu-se a chama da vaidade e do orgulho em ser quem somos e termos esta tão singular e inusitada forma de estar na vida; criou-se mais uma atractividade para a região e estabeleceram-se novas pontes com a diáspora.
Hoje falar-se em Montalegre é evocar uma terra de gente real. E falar-se na Feira do Fumeiro é o mesmo que encher o peito e dizer: "É BOM SER DE MONTALEGRE. VIVA BARROSO!"
«Será sempre a "rainha" das feiras»