VIII Encontro Transfronteiriço Tourém-Randin

Sem quebrar a tradição, povos fronteiriços festejam séculos de proximidade geográfica e fraterna. Descendentes de Portugal e Espanha caminham como irmãos, inicialmente em procissões distintas, porém, com término comum – A Cambeira. Este local de raia acolhe os muitos participantes com o objetivo de celebrar amizade e fé.
À hora marcada, habitantes e simpatizantes das aldeias de Tourém e Randin reúnem-se na igreja de cada povo, para dar inicio à procissão. Nos ombros carregam os santos padroeiros, em andores adornados de flores. Num clima de crença, cursam caminhos até que os dois cortejos se unam. O local está marcado e simbolizado com o monumento em honra do encontro, onde «São Pedro e São João se abraçam», explica Paulo Barroso, presidente da junta de freguesia de Tourém.
Em conjunto rumam em harmonia até à Cambeira onde é celebrada a eucaristia, presidida por párocos das duas terras. Após a missa, é chegada a hora da merenda, onde os presentes saboreiam as iguarias preparadas para o efeito e festejam ao ritmo de sons tradicionais.

 

 

Paulo Barroso, representante máximo do poder local de Tourém, mostra-se agradado com a moldura que observa: «é muito bonito ver que a gente de Tourém e Randin se une para confraternizar e também para poderem recordar os velhos tempos, aqueles em que não podiam passar na fronteira». Acrescenta que o balanço do encontro «é muito positivo, sendo uma alegria ter a oportunidade de estar neste local, com tanta gente, tanta alegria e tão boa disposição». A certeza é convicta para o presidente da junta de freguesia: «cada ano há mais gente, cada vez as pessoas se entusiasmam mais com o encontro e eu penso que isto não vai parar mais!».

 

 

Sendo este um acontecimento marcado pela partilha, também os encargos com a organização são divididos com a vizinha Espanha. O pároco de Randin, Miguel Blanco, membro ativo desta aposta conta: «é o oitavo ano, logo o balanço tem que ser sempre positivo. Se não fosse não durava oito anos». Para o sacerdote, este «encontro é mais do que uma festa, é uma parte da realidade destes povos, que querem conviver e repartir num dia muito especial, assinalado como o dia do encontro». Destaca que o melhor de tudo «é o bom convívio, a boa harmonia e a paz que reina entre todas as gentes» e lembra que «em todos estes 8 anos de festa nunca houve guerrilhas». «Há sempre um clima de concórdia», conclui.

 

 

Evento em crescendo, este encontro "irmão" tem suscitado curiosidade dos órgãos de comunicação social que ocorrem a esta concentração com visível curiosidade. Jornais, rádios e televisão difundiram esta união dando outro impulso a um "casamento" que caminha para a década.