Ainda a hora marcada estava longe de chegar, já grande parte dos participantes se reunia em Tourém, freguesia do concelho de Montalegre, local reservado ao início da corrida. Portugueses e espanhóis, adereçados a rigor, faziam a festa num ambiente de harmonia contagiante. Entre miúdos e graúdos ninguém quis faltar a esta iniciativa, que a correr ou a caminhar atravessou povos em raia.
O percurso era conhecido para a maioria e em cada escalão cada um deu se si o melhor. Foram muitos os espetadores que fizeram questão de assistir à partida, entre eles Orlando Alves, vereador da cultura e vice presidente da Câmara Municipal de Montalegre.
SEMENTES LANÇADAS
PARA FRUTIFICAR
Encantado com o acontecimento, o autarca não poupou elogios à organização: «esta é uma iniciativa interessantíssima. Estamos aqui perante uma junta de freguesia dinâmica, com um presidente jovem, numa terra participativa. Dá-se esta circunstância de estar aqui na raia, num abraço fraterno com Radin».
«A tarde desportiva que hoje aqui acontece é uma iniciativa inédita e os órgãos de comunicação social de Portugal deviam estar aqui», lamenta o autarca. Todavia, Orlando Alves acredita estarem «lançadas as sementes para que estas coisas frutifiquem e se ampliem em futuras edições».
ORGULHO E SATISFAÇÃO
Aurora Cunha, antiga internacional olímpica, afirmou ser «uma honra e motivo de orgulho poder ser madrinha de qualquer tipo de eventos desportivos, mesmo estando de férias não pude dizer que não». Orgulhosa com «o carinho que as pessoas nutrem pela minha pessoa», a atleta referiu ainda: «nunca aqui estive, mas as pessoas ainda se lembram daquilo que eu fiz ao longo de muitos anos. Isso é motivo de orgulho, satisfação e só tenho que agradecer o convite». No balanço, atesta que se tratou «de uma tarde inesquecível para estas duas aldeias. Foi uma caminhada fantástica, um percurso lindíssima, acompanhada de gente maravilhosa, valeu muito a pena cá vir!».
«BOM VIVER
A TERRA!»
Acácio da Silva, ex ciclista profissional, natural de Montalegre, fez questão de marcar presença e assim enriquecer o evento. Desde sempre associado à prática do desporto, o atleta acredita que organizações como «a de hoje são uma coisa boa para o desporto, para a terra, para a aldeia, para o concelho». Para este conhecido barrosão, o principal «é que tudo comece e acabe bem».
Sem nunca esquecer a terra que o viu nascer, acha «importante este tipo de iniciativas» porque «assim não se vai esquecer tão rápido a terra, é bom fazer este tipo de coisas...é bom viver a terra!».
«ORGULHO CORRER
NA MINHA TERRA»
Tourém viu nascer um grande atleta: Nuno Alves. Atual campeão de atletismo na sua categoria, cegos totais, cumpre assim um dos seus sonhos. «É um grande orgulho correr aqui em Tourém, na minha terra. Na verdade, tinha este sonho mas achava que nunca se ia concretizar», disse. Na mesma linha de raciocínio felicitou a organização, ao referir que «todos trabalharam muito bem» e por isso, garantiu, «vou dar o melhor de mim, tentar honrar ao máximo a camisola de Tourém».
«DESPORTO É CONVÍVIO»
Paula Sequeira, diretora regional Norte, do instituto do desporto de Portugal, acompanhou no terreno esta corrida de irmandade. Achou a «iniciativa super interessante...este tipo de atividades permite que haja convívio, porque o desporto não é só alta competição, mas sim o convívio entre as pessoas, permitindo assim um intercâmbio cultural».
«FOI MAGNÍFICO»
No final desta aposta, a organização não podia estar mais satisfeita. Para Paulo Barroso, presidente da junta de freguesia de Tourém «o balanço é francamente positivo». Sem se deter, reforçou: «Basta olhar para esta moldura humana, a entrega que todas a pessoas tiveram, a participação que houve. Foi sem dúvida um evento magnífico, com presenças que tanto nos honram». Assegura que «isto foi o início, não tenho dúvida que é para continuar». No lado oposto, da vizinha Galiza, Miguel Blanco não tem hesitações: «mais que desporto é uma maneira de educar, de conviver, de compartir, de encontrar a nossa gente. A raiz desta corrida é o encontro de jovens, de adultos que compartem e que se respeitam».
Reportagem TV BARROSO
