Há 15 anos que foi plantada e de lá para cá sempre teve boas maçãs. Todavia, nunca como este ano os exemplares apresentaram tamanho peso. A macieira do senhor Miguel Oliveira, residente em Montalegre, é um autêntico fenómeno. Por estes dias tem motivado curiosidade não só de vizinhos como também de anónimos que têm ouvido falar de uma macieira que dá maçãs com quase um quilo. O dono está maravilhado com a preciosidade que possui: «geralmente ninguém acredita quando ouvem falar. Dizem que é impossível mas a prova está à mostra. Quando olham para ela ninguém acredita (risos)». Sem se deter, continuou: «cá em Montalegre nunca se ouviu falar de uma coisa destas. Falavam do "Nabuco" e no "Acácio" mas nada...nunca vi!».
«NÃO CUIDO NADA DELA»
Apesar desta "galinha dos ovos de ouro", não se pense que a abundância aparece à custa de atenção e zelo. Bem pelo contrário, como faz questão de explicar o entrevistado: «não tenho feito muito caso disto. Não cuido nada dela nem lhe deito nada. Como vê está para aí. Está um bocado desprezada. Nem esterco, nem adubo, nada!». Porém, fraco trato não é sinónimo de falta de qualidade como se comprova com as palavras deste sortudo montalegrense: «é muito boa. É ácida um bocadinho por isso é que é boa. Toda a gente gosta deste tipo de maça. Para ser sincero nem sei que qualidade tem. Não sei se é dos enxertos que fiz...para ser sincero, não sei! Por exemplo, estas maçãs que tenho, uma pesa 825g e outra 835g». Um tamanho gordo que não tem comparação com anos anteriores apesar de também no passado encontrarmos belas amostras: «só houve um ano que se viu uma coisa mais ou menos igual. De resto, são grandes mas não deste tamanho. Normalmente pesam 600 ou 700 gramas. Isso é quase todos os anos».
«QUERIA VER SE NÃO
A DEITAVA ABAIXO!»
Miguel Oliveira levou toda uma vida de canseiras. Homem valente como poucos, olha para o presente com tranquilidade. No momento está a fazer obras em casa. Uns «acrescentos» que podem abater a macieira que coloca um brilhozinho nos olhos a este barrosão: «maçãs deste tamanho foi capaz de ter umas 70 ou 80. Se fizermos as contas são mais de 50 quilos. É pena estar para aí desprezada...queria ver se não a deitava abaixo, mas a minha mulher e o meu filho querem-na deitar abaixo. Estou a pensar em não, vamos ver...».
Enquanto a família não decide ficam os retratos que fazem história em Montalegre. Uma curta noticia que pode fazer refletir numa altura em que o setor primário vive tempos de abandono e descrença.
