Após ter acolhido a exposição temporária com elementos alusivos ao III Festival Internacional do Castanho, a sede do Ecomuseu de Barroso apresenta um
leque de fotos que retratam a região de Barroso, da autoria de Gérard Fourel e Antero de Alda. Com perto de 30 anos de intervalo, o material fotográfico «vai despertar, de certo, interesse» nos visitantes, declara David Teixeira, diretor do Ecomuseu. Na mesma linha, acredita que «quem vem de fora vai tentar interpretar o quotidiano, os rostos e os momentos». Dessa forma, atesta ser «uma satisfação» receber «este trabalho de memória».
«RETRATO DA NOSSA GENTE»
Fernando Rodrigues, presidente do município de Montalegre, esteve presente na abertura. Após cuidada análise da exposição refere que «retrata, de certa forma, a vida das nossas aldeias, da nossa gente». Ato contínuo, ressalva que «por detrás dos rostos, temos a forma de vida, a ruralidade das aldeias, a vida agrícola…». O número um da edilidade encara este registo como «uma forma de enriquecer a nossa história» e preservar na «memória», aquilo que «tendencialmente se está a perder».
«DIFÍCIL DE INVERTER»
Em retrospetiva, o presidente da autarquia explica que «daqui a 20 anos as nossas aldeias não terão tanto valor etnográfico, histórico e cultural». No mesmo raciocínio, salienta que «perdemos muito em relação a anos anteriores» e cada vez «vamos perder mais». Há menos «vida comunitária, gente, jovens, escolas… e não há crianças». Confrontado com a realidade, estima que estamos perante «um processo difícil de ultrapassar e difícil de inverter».
«UM POUCO DE MEMÓRIA»
Ao olhar para os retratos, Fernando Rodrigues assegura que «este trabalho é um contributo importante», que valoriza «o espólio do Ecomuseu». Ao mesmo tempo «valoriza a nossa história e cultura». De certa forma, neste conjunto «acabamos por valorizar e enriquecer a auto estima das pessoas», personagens desta coleção. «Cumpre-se assim a missão de trazer um pouco da nossa memória» para este espaço, para isso destinado.
«VIM À PROCURA»
Após ter visto as fotografias que Gérard Fourel, artista francês, fez de Barroso há quase três décadas atrás, Antero de Alda decidiu «vir à procura dessa personagens que ele retratou», explica. Admirador da região barrosã, o fotografo português confessa «ter ficado surpreendido» porque de facto «encontrei algumas dessas pessoas ainda vivas». A partir daí deu «início à recolha de material» que, em parte, está exposto no Ecomuseu.
«REENCONTRO DO BARROSO»
Natural de Amarante, este homem da fotografia vê «a exposição como um reencontro do Barroso». Com consciência de que «cada vez é mais difícil ganhar a confiança das pessoas e assim entrar em casa delas», afirma que «este projeto não está acabado, o Barroso não tem fim». São muitos os elementos «que me atraem nesta terra», partilha. Porém, «a pureza, simplicidade e recetividade» sobressaem e distinguem-se dos demais.
NATAL, SEXTA 13
E FEIRA DO FUMEIRO
David Teixeira crê que Dezembro e Janeiro são dois meses de excelência. O mês do Natal «é muito bom para que as pessoas das diferentes freguesias, aqui retratadas, venham até cá», mostrem «às famílias e tenham orgulho neste trabalho». Segue-se o primeiro mês do novo ano, marcado por dois grandes eventos: Sexta feira 13 e Feira do Fumeiro. Premissas que adivinham uma afluência ao “museu vivo” na estação do frio.
