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Meio século ao serviço de Deus
06 Dezembro 2011

Manuel Flores é, nos dias que correm, pároco em Santo André, Solveira, Padroso e Padornelos, freguesias do concelho de Montalegre. No ano em que festeja as bodas de diamante em idade, celebra 50 anos de sacerdócio. Natural de Pedrário, descreve o percurso como um «viver natural», sempre «movido pela fé». Descendente de «linhagem humilde», afirma que quando foi para o seminário de Vila Real «o propósito principal era seguir os estudos», porém, não demorou muito «a perceber que era esta causa nobre que queria abraçar».
Que balanço faz do que viveu até agora?
Sinto que sou um homem privilegiado. Não me posso queixar das circunstâncias da vida. Sempre vivi movido pela fé, nos caminhos de um viver natural. Passei por tudo. Quando nasci, e em criança, eram anos de muita privação, especialmente nas nossas aldeias do interior. Embora os meus pais fossem muito trabalhadores, eram muitos filhos para criar… e às vezes sabe Deus.
Quando sentiu que queria ser padre?
Por norma essas coisas começam a sentir-se logo pela catequese, quando ouvimos a palavra. Mas, francamente, nunca entrou em mim, nesse tempo, o propósito de ser padre. A primeira vez que pensei nessa situação foi numa brincadeira de crianças. Eu e um grupo de amigos brincávamos na aldeia e um deles trazia o novo testamento. Ele, em desafio, oferecia-o a quem conseguisse apanhar, depois de atirado ao ar. Calhou-me a mim apanhá-lo. Já no monte, a guardar o rebanho, dei por mim a folhear aquelas folhas. Foi nesse momento que pensei: os padres conhecem isto tudo, se eu fosse padre isto também tinha que estar tudo sabidinho.
Foi aí que decidiu ir para o seminário?
Não. A decisão de ir para o seminário ficou a dever-se ao meu professor primário. Ele achava que eu tinha uma intuição maravilhosa para o campo da matemática e que era uma pena parar de estudar. Quando terminei a quarta classe, o professor chamou o meu pai. Explicou-lhe a situação e que eu tinha capacidades para ir mais longe. Lembra-me de ouvir dizer o meu pai: "gostava eu que ele estudasse, mas como?" As condições económicas não lhe davam suporte. O meu pai acabou por me colocar a questão: "queres ir ou não queres ir?" Eu, na minha simplicidade, nem disse sim, nem não. Mas creio que ficou mais o sim. Entretanto aparece um tio meu, que conhecia bem as condições financeiras dos meus pais. Ele tinha o gosto de me ver estudar, conhecia as minhas qualidades, enfim… tinha alguma vaidade em mim. Foi então que ele disse para o meu pai: "manda-o, que eu também te ajudo!" E assim foi.
Quando entrou para o seminário foi com o propósito de ser sacerdote?
Primeiro falava-se em estudar, não em ser padre. Contudo, ao enveredar pelo seminário, e com o passar dos primeiros dias, já tinha alguma clareza de qual ia ser o meu futuro. O meu objetivo era ser padre. Depois de 12 anos de estudos, que não foram difíceis, concretizei o meu propósito.
Como descreve esses anos?
Foram anos muito bonitos. Tive bons colegas e passei momentos que nunca vou esquecer. Passado esse tempo regressei a casa e passado algum tempo fui ordenado. O senhor bispo precisava de um padre porque em certa paróquia para os lados de Chaves o sacerdote adoecera. Precisava de quem o substituísse e chamou-me para me ordenar. E lá fui eu animado…
Foi assim que tudo começou?
Não. Voltei de novo para casa, porque o padre melhorou. Acontece que poucos dias depois o senhor Bispo pediu-me para ir substituir o padre de Tourém. Eu disponibilizei-me de imediato, mas fiquei preocupado. Não conhecia a aldeia, mas sabia que era lá longe, isolada… e, portanto, tinha algum receio de ir para lá. Um padre saído do seminário, sem experiência, sozinho… e sem ninguém a quem recorrer. Fiquei por lá uns tempos. Foi assim o meu caminho e hoje ocupo-me dos lugares de Santo André, Solveira, Padroso e Padornelos.
Como carateriza os 50 anos de sacerdócio?
Penso que todo este tempo me serviu para aperfeiçoar e cada vez gostar mais deste trabalhar pela igreja. O sacerdócio liga-nos muita a Cristo. E ligadinhos a Cristo ontem, hoje e amanhã acabamos por reforçar sempre mais a nossa relação.
É difícil transmitir essa ideia de fé?
Não é difícil transmitir a fé às pessoas. Claro que nós, como padres, temos que ser os grandes proclamadores da palavra, principalmente ao domingo e na catequese. Esses diálogos têm sempre como base a bíblia, a palavra de Cristo.
As pessoas estão mais distantes da igreja?
Penso que há algum vazio na proximidade de muitas pessoas com a igreja. O progresso, a possibilidade genérica e fácil das escolas, se calhar, fechou-lhes o horizonte do natural. Desafiadas e muito ligadas a coisas terrenas, as pessoas começaram a acreditar muito nas coisas sociais… enquanto que as coisas da fé ficam mais a cargo do padre.
Há falta de fé?
Era capaz de corrigir e não dizer falta. A fé não será tão perfeita, mas eles têm fé. Lá no fundo, na mais pequena circunstância, espoleta a fé. Acredito que a maioria tem um fundo religioso grande… costuma-se dizer que só se lembram de santa Bárbara quando toa… e a verdade é que nessas ocasiões mostram que de facto têm a sua fé em Deus… nunca é tarde para voltar!
Qual é o segredo para celebrar estas "bodas de ouro"?
A graça de Deus e o apoio dos paroquianos. Se há momentos de desencanto e desânimo… também não falta quem nos dê a mão, nos anime e ajude a andar para a frente. Aos novos padres eu diria que a causa que abraçam é nobre, bela e vale pelo ideal mais sublime.



