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Mundial Orientação BTT - 11 a 18 Julho

06 Abril 2010
Montalegre recebe de 11 a 18 de Julho próximo a 8.ª edição do Campeonato do Mundo de Orientação em BTT e a 3.ª edição do Campeonato do Mundo de Juniores de Orientação em BTT, MTBO WOC & JWOC 2010. A cem dias do evento, Eduardo Oliveira, Director da Prova, aposta num discurso positivo.
Qual o ponto de situação e os passos que foram dados, até ao momento, no capítulo organizativo do MTBO WOC & JWOC 2010?
O processo remonta a 2006-2007, quando apresentámos a candidatura à IOF - Federação Internacional de Orientação. Na altura, assistíamos em Portugal a um grande crescimento da Orientação em BTT, tínhamos participado em vários Campeonatos do Mundo e sentíamos que a nossa capacidade organizativa estava à altura dum evento desta dimensão. As coisas correram bem, a IOF aceitou a nossa candidatura em 2007-2008 e é desta forma que chegamos aos Mundiais de Julho. Inicialmente a nossa intenção apontava para a realização dos Campeonatos no Alentejo, mais concretamente na zona de Grândola, mas a autarquia local acabou por não se comprometer em termos de apoios e surgiu a oportunidade de Montalegre como sendo a opção acertada. Montalegre já tinha organizado um Campeonato do Mundo de Parapente, aposta claramente na promoção da região por via deste tipo de desportos e pareceu-nos que, sendo um local distante, é um local interessante, não apenas em termos desportivos - e, no caso concreto, em termos da BTT -, mas também em termos culturais e sociais. Em Outubro de 2008 assinámos um protocolo com a Câmara Municipal de Montalegre e temos estado desde então a trabalhar em conjunto e a avançar com a organização.
 
Qual a face visível desse trabalho até ao momento?
Há, de facto, um conjunto de tarefas que têm de ser preparadas com muita antecedência. A principal prioridade centrou-se na escolha dos locais em termos de provas e é importante que se perceba que estamos a falar de cinco locais para cinco provas diferentes. A maior dificuldade residiu na escolha dum local para a prova de Sprint. Esta é uma prova que exige um mapa com muitas opções, muitos caminhos e a nível de floresta não encontrámos um local que reunisse as condições técnicas necessárias. Estamos neste momento a avaliar e a estruturar a realização da prova na cidade de Chaves, o que irá ser interessante na medida em que faremos uma adaptação do conceito urbano também à Orientação em BTT, tirando proveito de toda a zona histórica de Chaves. O risco será maior, exigirá um enorme cuidado com a segurança dos atletas e com tudo o que lhe está adjacente, mas pensamos que valerá a pena corrê-lo. Chaves receberá também a Qualificatória de Distância Longa, enquanto o Model Event decorrerá no concelho de Boticas. Todas as restantes provas serão disputadas em Montalegre.
 
Para além da prova de Sprint, é possível levantar uma pontinha do véu relativamente às características técnicas das restantes provas?
A região de Montalegre é, como o nome permite adivinhar, montanhosa, localizada a 900 metros de altitude, com uma grande complexidade em termos de relevo e uma rede de caminhos média. São caminhos exigentes do ponto de vista físico e vamos ter provas com uma componente física importante mas onde, obviamente, cada opção é relevante e a componente técnica está igualmente presente de forma muito vincada. Há inclusive caminhos mais técnicos, caminhos de pedra, caminhos com bastantes muros, o que também vai dificultar um pouco a progressão dos atletas e exigir redobrada atenção. Não será uma rede de caminhos muito rica, mas vamos procurar ter pernadas mais longas e com mais opções que levem os atletas a ter alguma atenção e a terem de parar para pensar. Em termos dos locais de prova, procurámos dar-lhes a maior visibilidade possível em função do evento. A final de Sprint, como já foi dito, levará a Orientação em BTT ao coração de Chaves. Teremos depois duas provas a terminar em Montalegre, uma delas mesmo no centro e a outra num sítio muito interessante que é o Parque de Merendas, com uma qualidade excepcional em termos de espaço e de condições. Depois teremos ainda uma final a terminar junto à Barragem do Alto Rabagão, num local de enorme beleza.
 
Esta promoção da região estende-se para lá da competição em si?
Estamos a alinhar com as entidades autárquicas a questão das cerimónias de abertura e de encerramento e essas serão oportunidades por excelência de mostrar um pouco da cultura e das tradições das terras de Barroso. Estamos a ver se conseguimos ter uma Chega de Bois, um espectáculo bastante característico da região e outros espectáculos locais onde a componente cultural estará naturalmente presente. No dia livre iremos oferecer alguns programas turísticos com a visita a outras zonas do concelho, nomeadamente Tourém e Pitões das Júnias. Há um conjunto de locais emblemáticos do concelho que não irão ter provas de Orientação em BTT mas que poderão também ser visitados pelos atletas.
 
Como é que tem decorrido a articulação com o Supervisor IOF?
O Jan Cegielka já cá esteve em Abril de 2009, fez uma primeira validação em termos dos locais, do Centro do Evento e afins, e correu tudo bem. Quanto a Chaves, ele está a par do assunto e a prova de Sprint na cidade está igualmente aprovada. Ele regressará brevemente a Portugal, visitará os locais já com os mapas e os percursos pré-alinhados, irá efectuar a validação técnica em relação ao evento e estamos tranquilos e confiantes de que as coisas irão correr bem. Talvez volte cá novamente em Junho, um mês antes do evento, mas é algo que iremos ainda alinhavar com ele. Um pequeno revés que tivemos foi com a questão das chuvas e com este Inverno particularmente rigoroso que estragou uma parte dos caminhos. Temos neste momento a noção de que muitos caminhos estão deteriorados em termos de classificação, também a vegetação com a chegada da Primavera e com toda a água que se encontra nos solos vai crescer com abundância e para termos os mapas fechados vamos ter de fazer uma revisão no início de Junho nestes dois particulares aspectos.
 
Há alguma estimativa em relação ao número de atletas que poderá estar presente?
Estamos numa fase de recepção de inscrições mas na nossa perspectiva serão cerca de trezentos atletas de trinta países, baseando-nos em números de edições anteriores. Neste momento, entre seniores e juniores, é esse o nosso objectivo.
 
E no que aos portugueses diz respeito, está a haver dificuldade em formar equipas?
Infelizmente está. A esse nível temos de confessar a nossa desilusão. Desde 2007 que a Federação está a apostar nesse aspecto através dum programa de acompanhamento dos melhores atletas, gizado por um preparador físico que tem feito um planeamento nesse sentido. A nível de seniores masculinos as coisas têm corrido relativamente bem e temos um bom leque de atletas, tanto em quantidade como em qualidade. Ao nível de seniores femininos o panorama já é um pouco mais complicado, sobretudo ao nível da quantidade de atletas. Nos juniores, devido a factores complementares, digamos assim, as coisas não estão a ser nada fáceis. Temos muita pena, estas oportunidades não acontecem todos os anos, mas de qualquer maneira o nosso critério será sempre o da qualidade. A nível de Federação, pensamos levar apenas atletas que tenham condições de representar condignamente Portugal. Não faz sentido levar uma selecção completa e depois o 4º, o 5º e o 6º não terem resultados minimamente aceitáveis. Queremos apostar na qualidade e os atletas que tiverem condições a nível de treino e a nível de resultados demonstrados irão estar em Montalegre. Mas sabemos que não vamos ter tantos quantos gostaríamos de ter.
 
Face à presença entre nós dos melhores atletas do mundo, de que forma é que se pensa rentabilizar esta circunstância e atrair a atenção dos media?
Estamos a trabalhar nisso. Nunca é fácil para uma modalidade como a Orientação trazer os meios de Comunicação Social, mas estamos a fazer o máximo possível a esse nível. Encetámos contactos com a RTP, assegurámos uma parceria ao nível de media, garantiram-nos já uma boa cobertura diária do evento no Jornal da Tarde e na RTPN e vamos procurar ter uma transmissão em directo, o que se afigura de momento um pouco mais difícil. Ao nível de outros órgãos de Comunicação Social, quer nacionais, quer regionais ou mesmo locais, estamos a montar um mecanismo de ‘press releases’ e de informação que possa ser o mais abrangente possível. E depois há toda a componente da ‘web’, que é hoje em dia claramente fundamental para qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. Neste particular aspecto, temos previsto transmissões em directo e resultados de pontos intermédios e do final a serem divulgados em tempo real para aqueles que, à distância, pretendam acompanhar a prova.
 
Em que medida esta oportunidade poderá ser importante para relançar a modalidade?
Um dos objectivos claros do Campeonato do Mundo de BTT, por um lado, é trazer notoriedade a nível nacional à modalidade. É uma oportunidade única a esse nível e temos consciência que um dos aspectos que permitirão aferir o sucesso desta organização terá necessariamente a ver com o facto de as pessoas saberem que existiu um Campeonato do Mundo de Orientação em BTT em Portugal. Tendo sucesso a esse nível, vamos procurar que uma das consequências lógicas desse reconhecimento seja o de vermos mais pessoas nas próximas épocas a fazer Orientação em BTT. Achamos que é um desporto interessante e que merece toda a atenção.
 
Em termos organizativos, tal como no WMOC 2008, vamos ver toda a gente a despir as camisolas dos clubes, a vestir a camisola de Portugal e a “dar o litro”?
Sem dúvida. O modelo organizacional destes Mundiais é similar ao do WMOC 2008, tanto em termos de protocolos como no espírito que está a ser incutido. Iremos ter equipas multi-disciplinares, com elementos de diversos clubes a trabalharem em conjunto. A dimensão da equipa será mais pequena, cifrando-se em torno das cem pessoas de doze a quinze clubes que confirmaram já a sua participação. Este é um evento diferente, um evento mais pequeno em termos de dimensão mas com mais responsabilidade já que, se alguma coisa falhar, é um título de Campeão do Mundo que está em risco. Daí a necessidade de garantir que tudo corre bem. O facto de a prova se desenrolar em Montalegre dificulta as coisas em termos organizativos, é tudo mais longe, mas as pessoas estão empenhadas e, à medida que o tempo vai passando, vão percebendo a importância daquilo que está aqui em causa.
 
O que falta ainda fazer?
A validação dos mapas, naturalmente, já que essa é a parte técnica fundamental do evento e tem de correr da melhor forma. Depois, todas as componentes logísticas e todas as questões que lhes são adjacentes. Há uma milhão de coisas que têm de ser asseguradas, as cerimónias, os hinos, as componentes de secretariado, a informática, o alojamento, os transportes e todo um conjunto de pormenores que temos de garantir e em relação aos quais estamos a trabalhar.
 
Em termos pessoais, o que é que este desafio tem representado?
Algumas preocupações e muitos cabelos brancos. Mas é um trabalho voluntário e portanto estou a fazê-lo com todo o gosto e sem dúvida que tem valido a pena. É exigente, é complicado, mas espero sinceramente levá-lo com sucesso até ao final.
 
Qual o seu maior desejo?
Espero que o evento corra bem e que dê uma imagem condigna de Portugal. Vamos ter aqui os melhores atletas do mundo inteiro a participar e queremos deixar uma boa imagem de Portugal a nível organizativo e da nossa capacidade e competência. Acho que isso será o mais importante. Depois, claramente, conseguir de alguma forma tornar o evento visível e que a Orientação em BTT continue a crescer, potenciando na justa medida este evento.
 
Informações referente ao MTBO WOC & JWOC 2010 em http://mtbwoc2010.fpo.pt
 
Recorde AQUI características da prova
Mundial Orientação BTT - 11 a 18 Julho