Mundial Rallycross épico em Montalegre (2016)

Pelo terceiro ano consecutivo, Montalegre abriu o Campeonato Mundial de Rallycross (WRX). Foi um fim de semana, com a adrenalina ao máximo, que ofereceu corridas de excelência. Se no sábado o tempo foi duro, o domingo compensou. A temperatura esteve agradável e não choveu. Dois elementos decisivos para o sucesso de qualquer desporto. Pela manhã, o sueco Mattias Ekstrom estendeu o domínio registado no dia anterior, chegando ao final das quatro mangas de qualificação na liderança da prova com o Audi S1. Petter Solberg, até então muito discreto, começou a recuperar e a dar nas vistas. A subida foi de tal ordem que subiu ao segundo posto ao final da manhã. Entretanto, Joahn Kristoffersson - vencedor do ano passado - mantinha a esperança de repetir o feito, ao colocar o VW Polo no terceiro lugar. Atrás deste, estava Andreas Bakkerud, em grande com o Ford Focus RS. Robin Larson, em Audi A1, estava no lugar seguinte, na frente de outro Audi da EKS, o de Topi Heikkinen. Sebastien Loeb conseguia ser o melhor na Peugeot, no sétimo posto. Ken Block esteve melhor no último dia mas insuficiente para escapar aos últimos lugares, ficando fora das semifinais.

 

 

Até então a dominar tudo e todos, eis que Mattias Ekstrom não conseguiu ir além do quarto posto na semi-final e fica fora das finais. Um balde de água gelada para este experiente piloto que, desta forma, acaba de ficar fora dos seis primeiros lugares no arranque do campeonato. Ao invés, na mais espetacular corrida do fim de semana, Andreas Bakkerud chega às finais depois de uma derradeira volta absolutamente louca, com sucessivas trocas de posições no terceiro lugar e com toques que deram que falar. Sebastien Loeb conseguiu colocar o Peugeot 208 nas finais com o segundo lugar na semifinal 1.

 

 

Com Petter Solberg a partir da pole-position e Joahn Kristoffersson a seu lado, tivemos uma final de cortar a respiração com lutas, carambolas e toques. Solberg saltou para a frente e quando efetua a "jocker lap" toca violentamente em Kristoffersson à saída, arrumando a corrida do sueco da VW. A seguir, Andreas Bakkerud toca em Loeb e arruma, também ele, a corrida do francês. Apesar de ter sido advertido no final, Solberg acabou por assinar nova vitória no circuito internacional de Montalegre. Por outro lado, Robin Larsson esteve longe das confusões e garantiu um precioso segundo lugar a 0,8s de Solberg e na frente de Topi Haikkinen que não evitou as carambolas mas "salvou a face" da equipa HKS com esta subida ao pódio. Andreas Bakkerud confirmou as boas indicações do Focus com o quarto lugar final muito perto do trio do pódio.

 

 

Nos Super 1600, todo o destaque para o segundo lugar histórico obtido pelo português Mário Barbosa com o seu Citroen Saxo Kit Car. Com efeito, depois de uma quarta corrida de qualificação com um quinto posto "arrancado a ferros", Barbosa não só se qualificou para as finais, como partiu da linha da frente para a segunda meia-final. O piloto luso partiu muito bem mas, depois de ter sido travado durante duas voltas por um concorrente mais lento, ficou impossibilitado de lutar pela liderança da corrida. Fez uma prova de garra ao longo das seis voltas da final, com o apoio dos largos milhares de espetadores portugueses. O triunfo ficou na posse de Ulrik Linnemann. no Peugeot 208. Timur Shigabutdinov completou o pódio com o Renault Twingo.

Entretanto, Ricardo Soares (Citroen Saxo Kit Car) foi o segundo melhor piloto nacional. Contas feitas, após a quarta corrida de qualificação, conseguiu ser o 16.º da classificação final. Na 21.ª posição, terminou o colega de equipa, Mário Teixeira (Ford Fiesta S1600), seguido de Joaquim Machado (Peugeot 206 S1600), 23.º na geral. A classificação dos pilotos portugueses encerrou com Hélder Ribeiro que teve inúmeros problemas no Citroen C2 S1600 que o impediu de ir mais além do que o 27.º posto.

Nos Supercars, Joaquim Santos (Ford Focus RS) foi o representante nacional na categoria máxima do rallycross. Numa luta desequilibrada com os protagonistas do mundial, foi 20.º classificado.

 

 

Na prova de suporte deste Campeonato do Mundo de Rallycross, a categoria Crosscar (Kartcross) apresentou, como grande atração, o barrosão João Miguel Pires. O piloto de Montalegre, no primeiro dia, conseguiu um fantástico sexto lugar. O mérito é muito atendendo que este barrosão pouco treino realizou para esta histórica presença. No dia seguinte, terminou a participação com um honroso 11.º posto.

De resto, a final foi muito disputada e com muita emoção dado o número significativo de presenças em pista. Aqui, Pedro Rosário (Semog Bravo ER) começou por "furar" a quarta posição e a colocar-se no grupo de frente. Mário Rato (Semog) estava a entrar no grupo dos três da frente, depois de, também ele, "furar" e enquanto lutava para pódio, um toque colocou-o fora de combate. Pelo meio, Nuno Godinho levou a melhor contenda e passava incólume pelas confusões. Chega ao fim na frente, com uma vantagem de 1,8 segundos sobre Luís Almeida, que até tinha partido da pole-position. Nuno Bastos (ASK Evo), da oitava posição, foi o terceiro a cortar a meta.

 

 

«Penso que foi a melhor prova de todos os tempos. Os dias que antecederam este domingo foram difíceis com muita chuva e frio. O dia da consagração esteve excelente e para isso muito contribuiu a presença de nomes sonantes do automobilismo mundial. Tivemos aqui uma série de campeões que despertaram curiosidade no país e, sobretudo, na vizinha Galiza. A esses amigos deixo um abraço de apreço e gratidão. Foi um dia memorável, correu tudo bem. As três ultimas semanas foram muito difíceis com dias de muito trabalho. Saúdo e agradeço, também, o empenho dos funcionários da autarquia e das empresas que aqui estiveram a laborar. Também uma palavra de muito apreço para o Clube Automóvel de Vila Real e os seus funcionários que, com a sua experiência, muito contribuíram para que este evento fosse coroado de êxito. Um agradecimento, também, para a Federação Portuguesa de Automobilismo. Toda a população de Montalegre está de parabéns. A hotelaria e a restauração estiveram à altura e souberam receber. Posso adiantar, ainda, que demos o pontapé de saída para manter a prova do Campeonato do Mundo de Rallycross durante mais alguns longos anos. Iniciamos as conversações e vamos continuá-las. São negociações difíceis porque envolvem muitas exigências e, sobretudo, muito investimento financeiro. Ainda temos contratualizada a prova para 2017. Daremos conta da evolução das negociações. Queremos continuar e, por isso, espero que no próximo ano, por esta altura, já possamos dar uma resposta positiva».

 

«No final do terceiro ano conseguimos superar os objetivos. Esteve um fim de semana de sonho em Montalegre. A promoção e a comunicação social “agarraram” esta prova como acho que deveriam ter feito há muito tempo. Estamos no topo da organização de um Campeonato do Mundo. Começamos, também aqui, as negociações para mais cinco anos. O nível que esta prova atingiu hoje, deixa-nos muito orgulhosos e deixo o meu reconhecimento a quem contribuiu para isso com o seu trabalho durante longos meses. Este sucesso deixa-nos um desafio maior para o próximo ano. Serão necessárias obras para podermos aumentar a capacidade das bancadas porque foi preciso fechar as bilheteiras às 10 horas da manhã. Foi desagradável para quem veio mas foi, também, uma consideração para quem adquiriu o seu bilhete online. Dentro do “paddock”, tentamos satisfazer a expetativa de quem se dirigiu a Montalegre».