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«Estamos a comercializar muito as chegas de bois!»
30 Março 2012

Nuno Sousa é o novo rosto da Associação Nacional de Criadores de Gado de Raça Barrosã. O longo consulado de Domingos Pereira terminou com a entrada deste jovem barrosão, natural da aldeia de Pereira, freguesia de Salto, concelho de Montalegre. O agora presidente promete revitalizar a associação que estava moribunda em atividade. As ideias já estão terreno e os apoios também com especial enfoque no contributo da Câmara Municipal de Montalegre.
Como aparece como presidente da Associação Nacional de Gado da Raça Barrosã?
Resulta de um convite. A associação, de há uns anos a esta parte, tem estado parada. Existia mas não funcionava, não tinha funcionários, não desempenhava nenhuma tarefa. A ideia surge para dinamizar a associação e tentar fazer alguma coisa com a raça barrosã, em colaboração com a AMIBA (Associação de Criadores de Bovinos de Raça Barrosã), que é a associação que tem o livro genológico da raça. Decidimos, falamos com a anterior direção e novos elementos, jovens criadores de gado barrosão, e com a parceria da AMIBA e o Dr. José Leite, o secretário técnico da raça barrosã, tentámos fazer alguma coisa da associação, dinamizá-la, pô-la a trabalhar.
Como é constituída a equipa que lidera?
Inicialmente, tendo em conta que a Associação Nacional de Criadores de Gado da Raça Barrosã tinha sede em Salto e, normalmente, os sócios pertenciam à zona de Salto, onde existe o solar da raça, a associação e a maioria dos órgãos gerais eram da freguesia de Salto. Havia um ou outro elemento fora, mas pouca gente. Depois de eu tomar posse, decidimos colocar nos órgãos pessoas do concelho todo.
Como a nossa função, nesta altura, tem mais a ver com sanidade e a maioria dos nossos sócios já não são de Salto, mas sim, mais daqui da zona de cima do concelho, nós decidimos inserir nos órgãos sociais pessoas de todo o lado. Fizemos agora uma eleição recentemente para fazer essa alteração.
O que já foi feito?
Em termos sanitários já fizemos a sanidade. Já temos, nesta altura, a trabalhar na associação sete pessoas, a maioria deles já eram funcionários da cooperativa. Temos dois elementos novos, portanto criámos emprego. Neste momento trabalham sete pessoas na associação. Temos tido várias reuniões com as federações a nível nacional para vermos que tipo de projetos poderíamos fazer ou que tipos de apoios é que eles nos conseguiam dar para nós desenvolvermos atividades e, desta forma, desenvolvermos o concelho em termos de agricultura.
Qual é a opinião das pessoas?
O feedback foi muito bom porque o concelho de Montalegre é um concelho que tem muitos produtores, muita agricultura. É um concelho apetecível para as confederações, porque elas ganham projeção com isso, estando representadas no concelho de Montalegre. Eles, nomeadamente a CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal), com a qual chegamos a acordo recentemente, propôs-nos uma serie de projetos, quer em termos de formação, quer no âmbito de outros projetos que existem a nível do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), para nós desenvolvermos aqui e, dessa forma, arranjarmos alguns apoios para conseguir sustentar os encargos.
Como fazem para pagar aos técnicos?
A sanidade financia-nos parte dos técnicos porque, dos sete que temos, quatro trabalham todos os dias na sanidade e esses vencimentos são pagos com dinheiros da sanidade. Depois temos um projeto de formação, iniciamos um curso de bovinicultura, no qual também conseguimos alguns apoios, quer em termos de formadores, quer em termos de coordenação para pagar aos técnicos da associação. Também temos um projeto, uma agrogestão, que nos consegue financiar um técnico, que visa dar apoio à exploração agrícola em termos de contabilidade e gestão. Temos meia dúzia de explorações, às quais vamos periodicamente, fornecemos um programa de informática de contabilidade e gestão da exploração e damos formação ao agricultor para ele conseguir fazer uma melhor gestão da sua propriedade.
O que pretendem?
A nossa ideia é criar um serviço e servir os agricultores da melhor maneira para o concelho ganhar com isso. Nós sabemos que no nosso concelho a agricultura é o sustento. Não há volta a dar, não vale a pena inventar. Nós somos um concelho agrícola, temos aqui ótimas condições para criar gado, temos que apostar no que temos de melhor e apoiar a agricultura. Gostava de agradecer à autarquia o apoio que está a dar aos agricultores. Todo ele é bem-vindo porque, nesta altura de crise, todo o dinheiro que é dado ao agricultor é bem recebido. Temos que apostar naquilo que temos de bom. A agricultura e a nossa paisagem devem muito aos agricultores. São eles que conseguem conservar os montes, os campos cultivados, tudo aquilo que nós vemos ao redor.
A OPP (Organização de Produtores Pecuários) já não existe no concelho de Montalegre. Ao invés, há três associações que trabalham em separado. Porque não existe consenso?
Por mim estou disposto a abdicar do meu cargo de presidente para resolver essa situação. O nosso concelho, em termos pecuários, é dos maiores do país. No entanto, chegamos a um ponto em que estamos dependentes de outros concelhos vizinhos, com muito menos gado que nós, e que nesta altura são eles que mandam na sanidade de Montalegre, quer a gente queira, quer não. Nós podemos aqui estar no terreno e dizer que fazemos a sanidade, mas quem manda são as OPP de Vieira do Minho, de Cabeceiras de Basto e de Valpaços.
Como é a vossa realidade?
Quem faz a sanidade, em termos práticos, somos nós. Em termos teóricos, os papéis, o plano sanitário… é tudo a OPP de Vieira do Minho. Nós chegámos a um acordo no qual eles nos facilitam essa situação, de nos permitir fazer a sanidade com a nossa equipa, mas sob a responsabilidade deles. O coordenador é de Vieira do Minho. Em termos de responsabilidade eles é que a assumem toda. No nosso caso é Vieira do Minho...nos outros casos é Cabeceiras, Valpaços...
Esta situação faz sentido?
Não faz sentido esta situação. Contudo, ter uma organização em Montalegre não é fácil. Nós já tentámos. Tentámos com a Cooperativa Agrícola. Na altura tinha ainda a patente da sanidade e esbarrou porque não houve desenvolvimento daquilo que nós propusemos. Nós, os barrosões, devemos ter algum orgulho porque somos do concelho que eu acho que é dos mais bonitos e que tem ótimas condições para a agricultura. Os agricultores devem ter orgulho naquilo que são e têm. O que eu acho é que nós, como maior concelho em termos de pecuária da zona, não faz sentido estarmos dependentes de outros.
Em que aspetos o concelho de Montalegre sai prejudicado?
Há reuniões, em termos das OPP a nível nacional, onde nós não somos representados. Dá uma fraca imagem do concelho. Quando há reuniões a nível nacional vai a OPP de Vieira do Minho e as outras… e Montalegre não tem lá nada! Isso é mau mesmo para defender os próprios interesses dos nossos agricultores, porque nós estamos a ser geridos, em termos de sanidade, por Vieira do Minho. Quando vão às reuniões da sanidade vão defender a realidade deles, não a nossa. Eles conhecem a realidade deles.
Em que é que a nossa realidade é diferente?
A nossa realidade é totalmente diferente da realidade de Vieira do Minho porque a nossa região possui características totalmente distintas. De momento não estou a ver nada que possa dizer que nos possa vir a prejudicar nestas reuniões, mas a verdade é que é nessas reuniões que surgem as dúvidas. No fundo, é com os temas que lá são apresentados que nós conseguimos ver se o que está a ser decidido é bom ou não para o nosso concelho. Nessas reuniões são decididas as questões em termos de sanidade e há certas situações que podem ser até adaptáveis à região de Vieira do Minho e não à nossa.
Quantos sócios é que vocês têm?
Nós temos à volta de 600 explorações. É um número que tem vindo a aumentar no último ano. Nos últimos tempos existiu o caso da Cooperativa, tendo em conta a situação de ter perdido a OPP e passado para a Mútua, onde houve muitos agricultores que se identificavam com a Cooperativa que deixaram de o fazer. Repartiram-se entre a ATBAT (Associação de Agricultores Terras de Barroso e Alto Tâmega) e a nossa associação. Em termos de números aumentaram cerca de 100 explorações para cada lado. Nós talvez tenhamos a maioria. Se não temos andamos lá perto.
Como é gerido o vosso dinheiro?
Nós temos um orçamento que é financiado pela sanidade, pela formação e alguns projetos. Nós, tendo em conta a situação do país e a dificuldade das pessoas, tentamos viver, em termos de finanças, levando o menos possível ao agricultor. Tentamos sempre conseguir outras fontes de financiamento. É a melhor solução para a associação e para o agricultor.
Os vossos preços são iguais aos praticados pelas outras associações?
Os preços, em termos de sanidade, são os preços que a Câmara Municipal de Montalegre financia. Noutro tipo de serviços, normalmente, nós andamos com os preços mais ou menos como os outros. Quer queiramos quer não, existe concorrência. Isso por um lado é bom no sentido de também ajudar o agricultor. Se o agricultor tem opção, é obvio que tem escolha. Nos andamos com preços que devem andar mais ou menos iguais às outras associações. Os valores são reduzidos.
Quantos bois, de raça barrosã, tem o concelho de Montalegre?
Em relação ao número de bois parece-me que não há assim muito poucos. Com disponibilidade para virem a eventos, como é o caso do Campeonato de Chegas de Bois, é que não há muitos. Uns porque não gostam, outros porque não querem que o boi tenha problemas, outros porque têm medo do boi vir e depois lhe acontecer alguma coisa… há muitos motivos. Sinceramente o número exato não sei. Mas é capaz de andar para cima dos 30 animais.
Como é que se pode inverter esta tendência?
Os efetivos tem-se mantido ao longo dos últimos anos. Os produtores têm diminuído, mas o número efetivo tem-se mantido. Uma das coisas que faz com que a raça se mantenha, para além das pessoas gostarem, é um subsídio que existe das agroambientais. Nesta altura não há candidaturas novas e daí não ajudar nada ao desenvolvimento das raças. Uma solução seria a abertura dessas candidaturas, outra seria o aumento do valor desse subsídio por animal. Os produtores estão a receber por volta de 90 euros por cada um. A associação, para ser sincero, é uma questão que poderá vir debater e ver que tipo de mecanismos pode criar para contribuir para o aumento do número efetivo.
Não lhe parece que receber 90 euros é inconcebível?
Por aquilo que eu sei a medida vai continuar no próximo quadro comunitário. Os valores são muito reduzidos. De facto 90 euros não é significativo. No entanto, para o desenvolvimento da raça o preço por quilo ao produtor é, a nível nacional, dos mais bem pagos. Porém, parece-me a mim que não espelha a diferença de qualidade entre a raça barrosã e as restantes. A raça barrosã tem, e está mais do que comprovada, uma qualidade muito boa. O aumento do subsídio à cabeça era uma das situações que levaria ao aumento da produção. Eu estou recetivo a falar com eles, em termos regionais. Em termos de concelho também poderíamos ver se haveria alguma possibilidade.
A verdade é que, independentemente dos concursos pecuários em Ferral, Salto, Venda Nova, Montalegre, os primeiros prémios vão todos para o Minho. Acredita que esta realidade é irreversível?
Nós temos que ver a diferença entre um produtor do Minho e um produtor de Montalegre. Nós aqui temos um efetivo medio de 15 animais por exploração e esse mesmo não pode dar a atenção, nem ter os custos com animal, como fazem os produtores que têm duas ou três vacas. Há quem viva todo ano para um concurso e que trata ali o animal como se fosse a melhor coisa do Mundo para ele. Os nossos produtores estão mais virados para a produção e não para os concursos.
As chegas de bois estão em crise. Cada vez menos gente assiste e os jovens estão divorciados desta tradição. Como observa estes dados?
Eu gosto muito de ver uma chega de bois. Uma boa chega, para mim, é um bom momento. De facto acho que estamos a comercializar muito as chegas de bois. Antigamente não envolvia estes valores em termos de prémios e era mais um orgulho para o agricultor ter um boi vencedor. Também é uma realidade que um boi custa muito dinheiro e manter um bom, durante um ano, para fazer meia dúzia de chegas, não é fácil para o produtor. No entanto, acho que é quase como o futebol. Nós estamos a dar muita importância à parte dos prémios. Eu não estou muito dentro da organização das chegas, e como elas se organizam, mas muitas vezes não jogam "limpo"... é o que tenho ouvido dizer! Daí as vezes as pessoas retirarem os bois do concurso. Acho mal perdermos essa tradição porque é uma coisa bonita que qualquer barrosão gosta de ver. Há que apostar ao incentivo nesse tipo de eventos. A Câmara acho que já o faz e é preciso tentar ver outro tipo de mecanismo para conseguirmos ter isso e aumentar relativamente ao campeonato e, eventualmente, fazer outros campeonatos sem ser gado barrosão.
