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Concerto | Fernando Tordo no Auditório Municipal
06 Abril 2018
O artista que inaugurou o auditório municipal de Montalegre (6 janeiro 2008), voltou a pisar o palco da casa da cultura dos barrosões, num concerto acústico que celebrou 70 anos de vida e 50 de carreira. No mês em que se invoca a "revolução dos cravos", o cantor lembrou Ary dos Santos, dando voz a muitos dos seus escritos, musicando e interpretando as suas palavras. Um serão que agradou a uma plateia repleta.
TEM A PALAVRA
Orlando Alves | Presidente da Câmara de Montalegre
«Sou um fã de Fernando Tordo, sobretudo pela associação que faço, através dele, ao grande poeta, o maior a seguir a Camões, Ary dos Santos. Um homem que deixou um vazio e uma saudade enorme no panorama cultural português. O Fernando Tordo é da minha geração e no tempo da ditadura ele dava brilho à noite escura. Foi um espetáculo memorável, com muito encanto».
Fernando Tordo | Cantor
«Não posso esquecer que me foi concedida a honra de ser o primeiro a atuar neste auditório. Regressar 10 anos depois e reencontrar amigos queridos com a casa já batida e vivida, é maravilhoso. Foi um prazer muito grande. Foi fantástico. Adorei. O meu obrigado a Montalegre».
FERNANDO TORDO
Nascido em Lisboa, em 1948, Fernando Tordo iniciou a carreira profissional a partir de 1965, no conjunto "Os Deltons", e transitou para "Os Sheiks" em 1966. Iniciou a carreira de compositor em 1968, tendo as primeiras canções orquestradas pelo "príncipe" dos orquestradores portugueses, Joaquim Luiz Gomes. O seu primeiro LP, todo com música de sua autoria e textos de José Carlos Ary dos Santos, foi gravado em Madrid, com orquestrações do maestro canadense Dennis Farnon, então residente em Portugal. Em 1971 recebe o prémio de melhor compositor e intérprete, e conquista o terceiro lugar no Festival RTP da Canção com a célebre canção "Cavalo à Solta", que passados 40 anos continua a ser considerada uma pérola da história da canção em Portugal.
Logo em 1973, volta ao Festival RTP da Canção e conquista o primeiro lugar com a música "Tourada", que se torna um dos mais gritantes sinais de que a ditadura se encaminhava para o seu fim; esta canção foi cantada ao vivo no canal televisivo comandado pelo regime ditatorial, e assistido por seis milhões de portugueses, incrédulos com o que estavam a escutar.
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A sua música começa a ser procurada pelos maiores intérpretes portugueses; está presente em todos os trabalhos de Carlos do Carmo, sendo autor de "Estrela da Tarde", composta com Ary dos Santos para o citado intérprete, que também interpreta de Fernando Tordo muitos outros temas, dois deles no famoso disco "Um homem na cidade".
Gravou dois CDs no mais famoso estúdio de gravação do mundo, Abbey Road. Um deles juntos com a National Youth Jazz Orchestra e outro com o maestro José Calvário. Venceu dois Sete de Ouro com os trabalhos "Anticiclone" e "Ilha do Canto", com orquestrações de François Rauber, diretor musical e orquestrados de toda a carreira de Jacques Brel. Fez música para 12 Prémios Nobel da Literatura e gravou em Barcelona, com arranjos de Josep Mas Kitflfus, o CD "Tordo canta Nobel", que é imediatamente editado pela Fundação Autor da SGAE, Sociedade de Autores da Espanha, que representa Fernando Tordo para todo o Mundo, com exceção de Portugal, onde é representado pela SPA.
Entre 1993 e 1994 conduziu o programa de entrevistas no canal SIC "Falas tu ou falo eu", e outros programas no Canal de Notícias de Lisboa e na Rádio Antena 1.
Em 2003, Fernando Tordo foi condecorado pelo Presidente da República de Portugal, Jorge Sampaio, como Comendador da Orem de Mérito; é Medalha de Prata da Cidade de Lisboa. Também é autor do romance "Fantásticas, fingidas, mentirosas", prefaciado por Urbano Tavares Rodrigues, e do livro de poesia "Quando não souberes copia", apresentado por Maria Lúcia Lepecki e José Manuel Mendes. A partir de 1990 iniciou atividade ligada às artes plásticas, fazendo exposições em Oeiras em 2007 e na Fábrica de Braço de Prata em março de 2013, com tema sobre as máscaras africanas, intitulada "Máscaras e Caras Más", na mesma sala onde fez oito concertos musicais com convidados, durante março e abril desse ano.
Em junho e julho de 2013, prossegue com os concertos em que convida nomes como Rodrigo Costa Félix, Marta Pereira da Costa, Luísa Sobral, Michel Araújo (Deolinda), entre outros. Compôs músicas para Mariza, Carminho, Simone de Oliveira, António Zambujo, Amor Electro, Paulo de Carvalho, Rita Redshoes. Ainda em 2013, cria um projeto no âmbito da tentativa de recuperação e divulgação dos cordofones portugueses, fez concertos por todo o país aplicando as sonoridades destes instrumentos com repertório de vários autores, alcançando notável êxito. Muda-se para o Recife, Brasil, em fevereiro de 2014, onde se dedica a promover o gigante compartilhado entre Portugal e Brasil, a língua portuguesa. Já no Brasil, Fernando Tordo musicou grandes poetas brasileiros, como Drummond de Andrade, Ariano Suassuna, Vinicius de Moraes, Cacaso, Castro Alves, entre outros.
Em 2016, lançou o CD "Outro Canto", com músicas autorais composto já no Brasil, no qual em março de 2017 foi agraciado com o Prémio Pedro Osório, promovido pela Sociedade Portuguesa de Autores.
Para 2018, e na comemoração dos seus 70 anos de vida, prepara uma grande digressão que irá percorrer Portugal de lés-a-lés.