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Barroso é património agrícola mundial

13 Abril 2018

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), acaba de declarar que a região do Barroso - engloba os municípios de Montalegre e Boticas - é património agrícola mundial. A candidatura vencedora terá uma cerimónia pública de entrega do certificado. Acontece na próxima quinta-feira em Roma (Itália). Orlando Alves, presidente do município, olha para esta distinção como uma «alavanca de desenvolvimento» que urge «saber exponenciar» e que «premeia o trabalho esforçado, desenvolvido num território muito difícil».

Barroso, região que se estende pelos municípios de Boticas e Montalegre, passa a ostentar o título de património agrícola mundial. A decisão saiu do sexto encontro do Grupo de Aconselhamento Científico do Programa de Sistemas Agrícolas Tradicionais de Relevância Global (Globally Important Agricultural Heritage Systems – GIAHS). Trata-se de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para a promoção da consciencialização e do reconhecimento nacional e internacional dos sistemas de património agrícola, alertando para a importância de proteger os bens e serviços sociais, culturais, económicos e ambientais que estes fornecem aos agricultores familiares, aos povos indígenas e às comunidades locais, promovendo uma abordagem integrada que combina agricultura sustentável e desenvolvimento rural. Com o apoio da FAO e dos governos, organizações da sociedade civil estão a desenvolver em vários países da CPLP processos nacionais de candidaturas para o Programa de Sistemas Agrícolas Tradicionais de Relevância Global. A elaboração das candidaturas baseiam-se em processos participativos que envolvem governos, universidades e representantes das comunidades locais. No caso da candidatura do Barroso, estiveram envolvidas a Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega (ADRAT), a Direção Regional de Agricultura (DRA), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Universidade do Minho (UM).
 
PRIMEIRO EM PORTUGAL
 
O Sistema Agro-Silvo-Pastoril do Barroso foi designado primeiro sítio GIAHS (Sistema Importante do Património Agrícola Mundial) em Portugal e o terceiro na Europa e Ásia Central. O processo de candidatura à classificação do Barroso foi iniciado em 2016 pela mão da ADRAT – Associação de Desenvolvimento da Região do Alto Tâmega, sendo depois formalizada junto da FAO pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Referir que os sítios GIAHS são sistemas agrícolas vivos, envolvendo as comunidades humanas numa relação intrincada com o território, com a paisagem cultural e agrícola, bem como com o ambiente biofísico e social.
 
BARROSO
 
Barroso é uma região agrícola dominada pela produção pecuária e pelas culturas típicas das regiões montanhosas. Do ponto de vista cultural, os habitantes do Barroso desenvolveram e mantiveram formas de organização social, práticas e rituais que os diferenciam da maioria das populações do país em termos de hábitos, linguagem e valores. Isso resulta das condições endógenas e do isolamento geográfico, bem como dos limitados recursos naturais que os levaram a desenvolver métodos de exploração e uso consistentes com sua sustentabilidade. O comunitarismo é um dos valores e costumes mais característico de Barroso, intimamente associado às práticas rurais de vida coletiva e à necessidade de adaptação ao meio ambiente. A paisagem montanhosa está historicamente relacionada com os sistemas agrícolas tradicionais, em grande parte baseados na criação de gado e na produção de cereais. Isto deu origem a um mosaico de paisagem em que as pastagens antigas, as áreas de cultivo (campos de centeio e hortas), os bosques e as florestas estão interdependentes, e onde os animais constituem um elemento chave no fluxo de materiais entre os componentes do sistema. Atualmente, tudo isso representa um recurso fundamental promover o turismo rural e de natureza, que desempenham um papel cada vez mais importante nas atividades da região.