XXI Feira do Fumeiro - Festa do povo!

A crise não entrou na Feira do Fumeiro de Montalegre. Foram quatro dias de casa cheia. A inauguração deu o mote para o que iria acontecer, isto é, um entra e sai constante no pavilhão multiusos. Um evento que superou todas as provas até ao momento a ponto da presente edição ser adjetivada por Fernando Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, como «a  melhor de sempre». Foram dias fartos onde a gula foi posta à prova: Presunto - 625 unidades; Chouriça – 7081 kg; Salpicão – 3113 kg; Alheira – 9870 kg; Chouriço abóbora – 2392 kg; Chouriço mel – 230 kg; Sangueira – 2593 kg; Farinheira – 300 kg; Butelo – 608 kg; Pernil – 836 unidades; Pé – 1933 unidades; Pá – 480 unidades; Orelheira – 1107 unidades; Peito – 567 unidades; Barriga – 1000 unidades.

Para este quadro, contribuíram muitos fatores: a constante animação dentro da feira, nas tasquinhas anexas o mesmo sucedeu no coração da vila que palpitou com tanto som que pairava; o parque automóvel, testemunho das milhares de pessoas que estiveram em Montalegre num cenário de festa contínua. Contas feitas, o setor hoteleiro agradeceu na engorda financeira.

 

«VENDEMOS MAIS

DO QUE NA ÚLTIMA FEIRA»

 

Fernando Rodrigues acredita que «está toda a gente convencida que foi a melhor feira de sempre». Recorda que «foi feito um esforço grande na promoção», pois «não adianta dizer que não há crise, porque a há e está em todos os bolsos», acrescenta. «nós esforçamo-nos muito para tentar compensar a diminuição daquilo que as pessoas compram, trazendo mais gente para equilibrar o negócio». Ao que conseguiu apurar, o autarca afirma que «os produtores o que me dizem é que têm feito um negócio semelhante a edições anteriores e, em alguns casos, até superior». Um certame que contou com a entrada de mais produto e mais produtores, que permite concluir que «vendemos mais do que na última feira».

 

«OBRA E GRAÇA DO

ESPÍRITO SANTO»

 

Perante uma «aposta ganha», Fernando Rodrigues insiste «que temos sempre que aprender», mas, «uma aprendizagem sem pensar no deslumbramento». Ato contínuo, ressalva que «não podemos achar que as pessoas vêm até cá por obra e graça do espírito santo». Foi preciso «fazer um esforço muito grande na comunicação social, na promoção, na divulgação deste certame» para que «tivéssemos aqui esta grande enchente em Montalegre», assegura. Todavia, «não é só fazer promoção». Se «fizéssemos promoção de um produto que não prestava», ao fim de 20 anos «isto já tinha acabado», comenta. Em retrospetiva, faz referência que «há muitas coisas que começam e morrem». Neste caso, «somos atrevidos, apostamos, investimos e tivemos e temos sucesso».

 

«TÊM PERNAS PARA ANDAR»

 

Os setores do «turismo, natureza e ambiente» aliados «à gastronomia e aos produtos locais têm pernas para andar». É preciso «é que esse campo seja aproveitado com muito juizinho», lembra. Nesse sentido, aconselha os produtores «a continuar a fazer bem, cada vez melhor, respeitar a qualidade e também os consumidores». Sem se deter, arrisca dizer que «se todos cumprimos, isto continua a crescer».

 

MILHÕES DE NEGÓCIO

 

Feitas as contas, «em função do volume de produto que entrou aqui», aponta para «um negócio superior a um milhão e duzentos mil euros dentro da feira». Se a esse valor «juntarmos os restaurantes que estão a funcionar, casas comerciais, os 100 produtores que não vendem na feira, mas vendem fora», neste fim de semana «nós temos um negócio muito perto de dois milhões de euros, ou até a passar», certifica. Neste contexto, «não é nenhum disparate dizer que este cartaz da Feira do Fumeiro é responsável pela visita a Montalegre de muita gente». No conjunto, por ano, «ao unir o setor do fumeiro, gastronomia, restauração, alojamento» perfaz «mais de cinco milhões de euros por ano».

 

«MONTALEGRE NO SEU MELHOR»

 

Com o mesmo raciocínio, falou Orlando Alves, número dois do executivo municipal: «é extraordinariamente positivo pela afluência que se sente, por toda esta vibração dentro e fora do pavilhão, nos restaurantes e por todo o concelho». O peso da Feira do Fumeiro «foi sentido em todo o lado» e «é Montalegre no seu melhor». O vice presidente do município explica que «vemos aqui a excelência de tudo aquilo que faz o mundo rural no muito bom que contém e encerra». Neste certame assistimos «ao abraço de solidariedade entre o mundo rural e a urbanidade».

 

«ANO DE TODOS OS MEDOS»

 

«Nós estávamos com medo à edição de 2012», confessa o edil. As circunstâncias «não são de todo favoráveis», mas «a prova foi superada». Hoje 2012 «representa o ano de todos os medos», acrescidos «da realidade que é difícil». Porém, «já não há tormenta que se meta no meio de nós» e «nós estamos cá para superar a crise», acentua. Na mesma linha, refere que a melhor resposta que se pode dar à crise «é a excelência da terra que somos, franqueá-la aos visitantes e a qualidade dos produtos que temos». Dessa forma «seremos sempre dignos de um corrupio constante entre todas as estradas que vêm até a Montalegre».

 

«NINHO QUE TODA A GENTE

QUER TOCAR»

 

Orlando Alves ciente do sucesso alcançado, atreve-se a dizer que «Montalegre é, como diria Miguel Torga, um ninho que toda a gente quer tocar», para ver «se tem ovos ou passarinhos». Orgulhoso, afiança «que vamos conseguir a diferença, a aceitação e a reverência».

 

«ULTRAPASSOU

AS EXPETATIVAS»

 

Boaventura Moura, presidente da Associação de Produtores da Terra Fria Barrosã, confessa que «por aquilo que estávamos a pensar, ultrapassou totalmente as expectativas». Num ano «de crise como tanto se fala, acho que correu lindamente». Ainda no mesmo âmbito, acrescenta que «melhor não podíamos esperar». No entender do barrosão, o certame «continua a crescer» e a «melhorar». Caso isso não se verificasse «as pessoas deixavam de cá vir». Esse facto «ocorre porque são sempre bem servidas». Destaque dado para uma feira «com um número maior de jovens produtores». Estes dados alegram o presidente da associação, que vê neles «a continuidade desta festa».