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Feira do Fumeiro | «Estamos tristes mas não vamos desistir!»
Por culpa da Covid-19, este ano a "rainha do fumeiro" não sai à rua. Acontece pela primeira vez ao fim de 30 anos. Um facto que retira o sorriso aos barrosões ao mesmo tempo que coloca dificuldades na economia local. Para minorar este revés, a Câmara de Montalegre lançou um conjunto de medidas que acode a restauração e cafetaria. Quanto à Feira do Fumeiro, verdadeira "galinha dos ovos de ouro" para muitos barrosões, ela avança em versão online. Um novo desafio que responde às exigências do atual Mundo pandémico. Orlando Alves, presidente da Câmara de Montalegre, lamenta a suspensão do evento, confessa tristeza com tudo que vivemos mas recusa atirar a toalha ao chão.
Face ao quadro social que vivemos, como foi a decisão de suspender a Feira do Fumeiro?
Lamentavelmente tivemos que suspender a Feira do Fumeiro. Trabalhámos os dois cenários. Nesse sentido, tivemos o cuidado de preparar os produtores para esta eventualidade que temos entre mãos. A nossa convicção era que janeiro seria um mês problemático. Faz frio e o vírus ganha mais consistência. A prova é que estamos, de novo, em confinamento que perspetivo prolongado no tempo. Não é fácil porque estamos a falar de um evento aglutinador e muito importante para a economia local.
A Câmara de Montalegre estava preparada para fazer a Feira do Fumeiro no formato habitual?
Sim. Há mais de três meses que estávamos a trabalhar nesse sentido. O plano inicial seria a existência da feira presencial no Pavilhão Multiusos. O evento iria obedecer a todas as medidas de segurança impostas pelas autoridades de saúde: distanciamento entre produtores e visitantes, corredores de circulação, uso obrigatório de máscara, controlo da temperatura à entrada do recinto e desinfeção das mãos. Ao contrário do habitual, não contaria com a animação nem com o espaço de degustação dos produtos. Estou certo que iria correr bem.
Que consequências trás para o concelho esta decisão?
Isto trás consequências nefastas para a vida de todos nós. Para os agricultores é ainda pior. É o "ganha pão". É uma fonte de rendimento importante. Este vírus ataca vários setores, como sabemos. A economia é, talvez, o setor onde é mais visível o sofrimento.
O que está projetado para minorar estas dificuldades?
Em articulação com a Associação de Produtores de Fumeiro da Terra Fria Barrosã, criamos uma plataforma digital para permitir o escoamento da produção. A Câmara garante o transporte. Está a correr bem. Os produtores estão a vender bem. Isto deixa-nos muito reconfortados. Para além disso, a Câmara de Montalegre reservou, no seu orçamento, uma fatia de 300 mil euros para acudir a estes setores fragilizados (restauração e cafetaria). Só houve uma solução: compensá-los na forma que legalmente seja possível. Foi isso que fizemos. Esse trabalho já está no terreno com a assinatura do protocolo que irá ser feito muito brevemente. Queremos colocar estes 300 mil euros na economia local.
Qual é o sentimento do executivo perante esta situação?
Estamos aborrecidos e tristes mas não vamos desistir na luta pelo melhor da nossa terra. No entanto, é muito desanimador vermos que esta grande romaria, este grande evento, não vai ter realização física. O folclore que está associado ao "compra e vende", o intenso movimento de carros, tudo isto não vai existir. Fizemos praticamente despesa igual, o que nos deixa tristes porque vemos que não vai ter proveito através dos nossos agentes económicos.