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Feira do Fumeiro - 'Tendência para crescer!'
12 Janeiro 2010
A poucos dias do arranque da 19.ª Feira do Fumeiro de Montalegre, evento que decorre de 21 a 24 deste mês, falamos com Orlando Alves, vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre com o fim de revelar as novidades e consequências da nova legislação. Um ponto de situação sereno de um evento rejuvenescido à custa, entre outros factores, de um investimento cuidado. Mais de 60 mil pessoas são aguardados no "S. João das Chouriças".
Quais são as novidades para a edição deste ano?
Não há nada de especial a assinalar, a não ser o enquadramento da feira nos pressupostos da nova legislação. Estes, de certa forma, facilitam a vida ao produtor, embora não deixe de o responsabilizar por uma série de procedimentos que têm que adoptar e onde as condições de manuseamento e de apresentação final do produto são alvo de inspecção e de aprovação por parte da autoridade sanitária concelhia. O veterinário municipal tem a incumbência de emitir um parecer para que ao produtor seja atribuído um número de exploração. Este número permite a apresentação em qualquer certame da União Europeia, ao contrário daquilo que acontecia com o figurino legislativo anterior, em que estavam confinados à comercialização num raio de 40km.
A Feira do Fumeiro de Montalegre tem vindo a ter, nos últimos anos, um forte crescimento. Como a situaria no panorama nacional?
A feira efectivamente cresceu e atingiu o pico há muito tempo. Temos assistido a um declínio por parte do número de produtores, no entanto, as quantidades estão salvaguardadas e têm crescido. Isto é um bom sinal. As pessoas estão a encarar esta situação como um salvo conduto para a resolução dos seus problemas económicos e vêem a feira como um escape lucrativo. Quando as pessoas agarram uma ideia com alma e coração, naturalmente que se aperfeiçoam e é daí que surge a qualidade que o produto terá que ter. Estamos num espaço concorrencial e é preciso ter consciência que a venda só é possível se o artigo for bom, bem apresentado e vendido a preços razoáveis.
O certame tem vindo a contribuir para o desenvolvimento da economia do concelho, nomeadamente com o aparecimento de novas unidades industriais de transformação de carnes. Qual a evolução que se tem verificado e qual a sua importância no contexto actual?
A importância é enorme. Independentemente das unidades fabris de cariz industrial que surgiram e de outras que estão na calha, para eventualmente poderem aparecer, a verdade é que é preciso considerar que existem perto de 200 produtores e que esses representam cerca de 200 pequenas indústrias espalhadas pelo concelho. Há, portanto, aqui, uma actividade que é geradora de riqueza, uma actividade de fomento e que propicia também a coesão territorial. Numa aldeia onde houver uma ou duas famílias a viver do fumeiro existe consequentemente uma actividade que ali implantada e todas as actividades são geradoras de movimento, de riqueza e de atracção. O objectivo da feira e o seu grande segredo é exactamente este. A feira foi algo que surgiu no nosso espaço e está a ser bem aproveitada pelos produtores que estão a rejuvenescer. O rejuvenescimento é bom que aconteça, pois quem vier e souber apresentar-se com artigos de qualidade, praticando preços razoáveis, obviamente que tem sucesso e não precisa de emigrar para o estrangeiro.
Em edições anteriores houve algumas críticas a produtores que preferiram fazer negócio fora da feira. Como pretende atrair esses produtores a exporem no certame?
Muito pelo contrário, eu não critico essas situações. São de louvar. São situações reais. Há já alguns dias que muita gente que está a vender fumeiro. Existe um número considerável de pessoas que não precisam da feira para se exporem e comercializarem os seus produtos. O que pretendemos para os nossos habitantes é que haja muita gente a criar os seus próprios canais de comercialização para que se desenvolva mais esta actividade e que não haja produção apenas para os dias específicos da feira do fumeiro.
A romaria ao S. João das Chouriças já faz parte da tradição da feira. Em que medida é um facto de atracção de visitantes?
É todo o panorama em si. Por um lado a nossa forma simpática de receber e de acolher as pessoas e a forma como nós nos apresentamos. Por outro lado temos o frio que se torna apelativo e sedutor para muita gente. A gastronomia não pode ser esquecida, pois esta vai acompanhando toda a dinâmica e em certos anos foi motor de sucesso e de canalização de muita gente para Montalegre. E como não poderia deixar de ser, o fumeiro em si e sobretudo a ruralidade que ainda é possível apresentar mesmo num pavilhão como é este que agora o município dispõe. Apesar do estilo demasiado urbano, conseguimos sempre atribuir-lhe um toque de ruralidade. Quem vive na cidade aprecia muito essas coisas, gosta de vir, comer bem, divertir-se, estar a ver como a fogueira crepita… São muitos segredos que a feira tem e muitos apelos que a feira faz. É isso que torna a feira intensamente vivida e participada.
60 mil pessoas é a previsão de visitantes no certame. Está dentro das expectativas, tendo em conta a evolução da feira?
Andará mais ou menos por aí, mas com tendência a crescer. Não tenho dúvida que a tendência é de crescimento. O concelho de Montalegre está bem situado, estamos na proximidade do litoral e é dai que vem a urbanidade e dela provêm os nosso clientes e visitantes. A tendência do número de visitantes será sempre a aumentar, desde que nós saibamos recebe bem e oferecer boa comida a preços módicos.