Montalegre discutiu meio ambiente

Câmara Municipal de Montalegre e Ecomuseu de Barroso, em colaboração com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), promoveram, no Pavilhão Multiusos de Montalegre, um seminário subordinado ao tema “Conflitos e Percepção do Ambiente em Áreas Protegidas”. Objectivo passou por «dar a palavra à população local, aos elementos ligados ao parque natural e às diferentes instituições, com o intuito de cruzar e discutir conhecimentos e saberes».

 

 

Fernando Rodrigues, Presidente da Câmara Municipal de Montalegre, foi um dos principais oradores. Perante uma plateia atenta, o edil declarou: «quero felicitar esta aposta. Estamos a falar de um assunto muito importante. Discutir o ambiente, a forma como deve ser abordada a natureza é da máxima importância. Por exemplo, sobre o plano de ordenamento do território, este já devia ter sido publicado. A falta de uma decisão revela alguma fragilidade por parte da tutela. Não devia ser assim. A substituição do anterior devia ser feito em clima de tranquilidade e não em insegurança».

 

 

Sem se deter e no tom que o caracteriza, Fernando Rodrigues aproveitou para defender a coesão territorial que se verifica no concelho de Montalegre: «há todo o interesse em termos um PNPG (Parque Nacional da Peneda Gerês) forte. Termos um turismo e um território qualificado. Contudo, isto só se consegue com regras. Imaginem o que seria se não houvesse regras. O homem é um destruidor! No entanto, posso dizer que Montalegre é um exemplo urbanístico. Os perímetros urbanos, impostos às aldeias, fazem delas autênticos exemplos. Caso contrário tínhamos acabado com a nossa identidade, ruralidade...é isto que nos diferencia dos demais».

 

 

Com um discurso muito focado no PNPG, o autarca lembrou as contrapartidas que o Governo dá a quem vive nesta área, em compensação com as exigências impostas: «contrariamente a outros meus colegas, defendo a politica de defesa do parque. Houve tempos que politicamente dizer mal do parque, rendia. Ou pelo menos assim o pensavam. Eu mantenho o que sempre disse. Falo de uma estrutura muito importante para o concelho. Que só faz sentido com gente. Nós temos um excelente exemplo: Pitões das Júnias. É uma aldeia turística por excelência».

 

 

A fechar, Fernando Rodrigues, lançou um apelo aos jovens para terem mais arrojo no investimento. Mais ambição para a terra sob pena de ficar hipotecada: «temos um grande potencial económico. O Ecomuseu de Barroso é um excelente exemplo de como a nossa identidade ficou reforçada. Porém, temos que ser mais audaciosos. Não há milagres! Somos nós que temos que fazer pela vidinha! De que forma? Acreditar nas nossas potencialidades, nos nossos recursos e saber rentabilizá-los».

PROGRAMA

9h30 – Abertura e Apresentação 
? Fernando Rodrigues (Presidente do Município de Montalegre)
? Chris Gerry (Presidente da Escola de Ciências Humanas Sociais (UTAD) e Director do CETRAD)
? Humberto Martins (UTAD-CETRAD)

10h00-11h30
• Bem estar humano nas áreas protegidas (2 comunicações + debate)
? Xerardo Pereiro (UTAD-CETRAD) – moderador
? Henrique Pereira (Investigador Ciência 2007, Faculdade Ciências Uni. Lisboa)
? José Pires (Movimento Peneda-Gerês com Gente)

12h00-13h30
• Floresta nas áreas protegidas (2 comunicações + debate)
? Lívia Madureira (UTAD-CETRAD)– moderadora
? Luís Côrte-Real (Autoridade Florestal Nacional)
? Paulo Barroso (Presidente de Junta de Compartes de Tourém)

15h00-16h30
• Animais domésticos e animais selvagens nas áreas protegidas (2 comunicações + debate)
? Humberto Martins (UTAD-CETRAD) – moderador
? Francisco Álvares (Biólogo, CIBIO/Uni. Porto)
? António Moura (Núcleo Zona Agrária Montalegre)

17h00-18h30
• Arquitectura e construções nas áreas protegidas (2 comunicações + debate)
? Artur Cristóvão (UTAD-CETRAD) – moderador
? José António Amoeiro (Director Parque Natural da Baixa Límia–Serra do Xurés)
? Orlando Alves (Vice-Presidente da Câmara Municipal de Montalegre)

Ecomuseu do Barroso: Projecção/debate documentário

21h00
"Fogo na Terra Fria", Nadine Ribet, 52’, 2010
- Filme comentado por Manuel Gomes (produção e participação na realização do documentário)

Sinopse - "Fogo na Terra Fria"
A recolha que deu origem ao filme "Fogo na Terra Fria" foi efectuada na região de Montalegre, onde parte do concelho se insere no Parque Nacional da Peneda Gerês. O filme retrata a pastorícia como actividade tradicional, sendo a prática do fogo utilizada ancestralmente. Os pastores são entrevistados no que respeita à sua actividade e à forma como vêm o uso do fogo.
O filme está em português e é legendado em inglês, tem a duração de 52m e foi editado em Março de 2010, no âmbito da reunião final do projecto internacional "Fire Paradox".
A realizadora, Nadine Ribet, é uma antropóloga francesa, tendo como objecto de investigação, as origens da utilização do fogo pelo Homem, concretamente com o objectivo da renovação de pastagens.

Produção e Fotografia: Nadine Ribet
Edição: Lúcia Monteiro
Som: Demian Garcia
Assistente de Produção: Manuel Gomes
Produtores: ISA – Fire Paradox
Pós-Produção: CAVI- Univ. Sorbonne nouvelle, Paris