Câmara consagra Barroso da Fonte

Volvidos 11 anos, a Câmara Municipal de Montalegre voltou a prestar homenagem a Barroso da Fonte, um dos mais proeminentes filhos da terra. Na altura, recebeu o galardão "Medalha de Mérito Municipal", desta vez a "Medalha de Ouro Municipal". Uma nova distinção justificada, desta forma, pelo presidente da autarquia, Fernando Rodrigues: «estamos hoje aqui, com normalidade, com a consciência do dever cumprido, de representar a vontade do povo, mas com a certeza e a humildade em reconhecer que muito devemos ao Barroso da Fonte e para dizer que os símbolos e as referências dos barrosões são para serem sempre respeitados e valorizados e a Câmara, como o povo pede, e interpretando o seu sentimento profundo de gratidão, cá está, como sempre, para lhe prestar o tributo e dizer que lhe estamos muito gratos pelo que fez pela sua terra, pela nossa terra e que por isso queremos festejar os 50 anos de carreira de um que está entre os melhores barrosões de sempre!».

 

FIGURA DE COMBATE

 

Numa sessão que mereceu a presença, entre outros, do governador civil do distrito, Alexandre Chaves, sem se deter, Fernando Rodrigues continuou: «à semelhança dos barrosões, a sua palavra, a sua tenacidade, a sua coragem, são como pedras que não partem, que nada temem, por valentes e que nos enaltecem, que nos dão força, que nos engrandecem, e que fazem grande a grande alma dos Barrosões!». Tudo somado, adiantou o edil, construíram esta decisão do executivo municipal merecedora da atribuição de este alto galardão: «pela polémica que travou com determinação e coragem; pela honra e verdade que transporta na sua vida e na sua obra; por servir, divulgar e defender a nossa terra; pela sua obra, pelo seu combate, pelo serviço público que prestou, pelo exemplo de integridade e honestidade e pelo que tem dado à cultura e ao Barroso. É por isso que lhe quero deixar mais este reconhecimento na medalha de ouro de Município».

De resto, a homenagem teve continuidade pela tarde com a abertura de uma exposição, no Ecomuseu de Barroso - Espaço Padre Fontes, com o espólio pessoal do autor onde puderam ser vistos livros, diplomas, medalhas, recortes, cartas inéditas e outros pertences que revelam o percurso dos mais de 70 anos de vida deste barrosão.

HOMEM INTERVENTIVO

Autor de meia centena de livros, em prosa e verso, Barroso da Fonte vive em Guimarães, onde exerceu cargos de responsabilidade, entre os quais diretor da delegação do Porto da comunicação social, vereador a tempo inteiro do pelouro da Cultura do município de Guimarães, diretor do semanário "O Comércio de Guimarães", o mais antigo jornal do distrito de Braga; esteve entre os fundadores da Rádio Santiago; diretor da revista Gil Vicente, do jornal "Voz de Guimarães" e é, atualmente, diretor do Poetas & Trovadores com mais de 30 anos de vida. Iniciou-se no jornalismo em 24 de Janeiro de 1953, atividade que pratica ininterruptamente.

 

«SUPEROU EXPETATIVAS»

 

Entusiasmado com o clima que gravitou em torno de si, Barroso da Fonte reagia assim: «é uma coisa bonita! Sabe, uma pessoa que nasce para ser pobre e desconhecido, qualquer coisa o alegra. Isto superou as minhas expetativas. Esteve aqui muita gente. Gente que veio de longe e, sobretudo, o calor dos barrosões a começar pela Câmara que teve um gesto muito nobre para comigo que eu não mereço. Isto comoveu-me. Há muitas pessoas que andam à procura de se por nos "bicos dos pés" para se mostrarem. Eu nunca fiz as coisas para me mostrar. Está-me no sangue! Cumpro o meu dever. Tenho muito orgulho nos meus conterrâneos e isso obriga-me, também, a dar o meu contributo».

Sobre o facto de ter comunicado publicamente que iria doar o seu espólio pessoal à Câmara de Montalegre, o homenageado explicou: «a minha família aceitou muito bem fazer-me a vontade e é com muito gosto que vou deixar à minha terra aquilo que a minha terra me deu. Eu não seria nada, não seria o Barroso da Fonte que sou se não fosse Barroso. É uma obrigação que eu tenho deixar tudo junto, porque separado não tem valor mas tudo junto tem alguma coisa».

 

ULTIMA ESTAÇÃO DO IMPÉRIO

 

Porém, antes da homenagem foi apresentado, no salão nobre dos Paços do Concelho a obra "Última estação do Império" de António Chaves. Um livro explicado, longamente, pelo escritor Bento da Cruz no qual se pode ver a relação de amizade de quem o escreveu com Barroso da Fonte.

Pouco depois foi a vez Altino Cardoso abordar, também em versão estendida, o perfil do homenageado falando da vida multifacetada de Barroso da Fonte numa oratória que primou pela curiosidade a ponto de arrancar, da plateia, boa disposição tal o número de episódios da vida do laureado.