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Mais de 150 hectares ardidos

16 Março 2012
A natureza está de luto em Montalegre. Arderam mais de 150 hectares, entre mato, pinhal e espécies folhosas. Aconteceu no pulmão da Corujeira, imediações da vila de Montalegre. O que antes era verde é hoje negro. Paira um cheiro de morte por todo o lado. Há uma espécie de choro que gravita à volta. Entre lamentações e críticas, há muita impotência para encontrar alguém que seja o rosto de mais este atentado ambiental. Aplauso para os "soldados da paz" que tudo fizeram para que esta história não fosse ainda mais trágica.
«O que é isto?», interrogamos ao técnico responsável pelo gabinete florestal da Câmara Municipal de Montalegre que nos acompanhou nesta reportagem de rescaldo ao mega incêndio ocorrido nas imediações da vila de Montalegre e que alastrou para terrenos de aldeias circunvizinhas. O espanto pelo manto negro foi devastador. Por muito que se oiça ou observe por imagens, só ao pisar o chão negro e inalar o fumo que ainda verte é que sentimos o grito da natureza.
Na viagem percorrida, o cheiro é arrepiante. Ao todo são mais de 150 hectares de terra queimada. Um horizonte, preto, que verga o mais insensível.
 
REPÚDIO
 
Luís Francisco, técnico superior da Câmara Municipal de Montalegre, ainda está incrédulo com o que observa. Ele que tinha estado no dia anterior junto da corporação dos bombeiros de Montalegre, é testemunha privilegiada na narração. Amargurado, o homem que lidera o gabinete florestal da autarquia refere: «lamento por toda esta área ardida nas proximidades da vila e pelos números bastante elevados de ocorrências e área ardida que se tem verificado no presente ano no nosso concelho. Repúdio pelo comportamento recorrente de quem não respeita o património natural e põe em causa valores inestimáveis. Gostaria de deixar uma palavra de apreço pelo trabalho dos "soldados da paz" que evitaram um mal maior ao conseguir travar o fogo nas imediações da mata da corujeira. Deixo um apelo à população para que adote comportamentos preventivos e, tendo em conta o ano de fraca precipitação que estamos a atravessar, não faça uso do fogo nas imediações da floresta».
 
«SOMOS O CAMPEÃO DO MUNDO
A DESTRUIR A NOSSA RIQUEZA!»
 
Orlando Alves, vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre, tece duras críticas ao sucedido. Entrevistado no gabinete autárquico, o também vereador da cultura do município de Montalegre, está inconformado com mais este episódio verificado no território: «foi uma ocorrência lamentável. Somos o país campeão do Mundo em destruir a nossa riqueza. Andamos de mão estendida a pedir dinheiro emprestado ao Mundo e, internamente, destruímos, queimamos, reduzimos a cinza o nosso património. É triste, é complicado, é difícil… não vejo a solução para isto. Portugal é o único país do Mundo que tem a designada época dos fogos florestais. Dá a impressão que é uma inevitabilidade».
 
«SÓ SE ALTERA QUANDO UM DIA
OS BOMBEIROS SE CANSAREM»
 
Responsável pela proteção civil no concelho, Orlando Alves defende, com unhas e dentes, o trabalho laborioso dos bombeiros, verdadeiro garante de uma missão muitas vezes inglória face ao que acontece. O desabafo do politico é sustentado desta forma: «penso que isto só se altera quando um dia os bombeiros se cansarem… porque são voluntários e deixam o conforto do seu lar, da família e das suas horas de descanso para ir acudir às mais diversas ocorrências. Isto só terminará quando os bombeiros disserem: não, eu também tenho direito a ter os meus momentos de folga! É um desabafo sentido, redutor, contristado, um desabafo até politicamente incorreto mas eu não sei viver num Mundo onde convivo com pessoas que, pela calada da noite, vão chegar fogo ao monte».
 
MÃO CRIMINOSA
 
Orlando Alves, com uma vida associada aos bombeiros, não disfarça a mágoa que o invade quando fala de exemplos como este. O autarca não tem contemplações com o que tem constatado ao longo dos anos: «agora virou moda: tanto arde no Verão como no Inverno. Eu assisto porque faço muita estrada daqui para Salto e de Salto para aqui. Assisto às mais variadas horas da noite… assisti ao nascimento de fogos… ora não é o calor! É a mão criminosa que anda aí. É a inconsciência e com inconsciência não se constrói o futuro. Repare nisto... a pretexto de arranjar mais uns metros quadrados de pastagem para meia dúzia de cabeças de gado… porque cada vez há menos gado… destruiu-se um pulmão de Barroso, um naco precioso da nossa paisagem rural».
 
«VAMOS PASSAR
NOITES NO MONTE»
 
Chegado a este raciocínio, Orlando Alves lança um desafio com especial incidência para a juventude: «deixo aqui um apelo às organizações cívicas, culturais, aos jovens do concelho de Montalegre… mobilizemo-nos todos, vamos passar noites no monte, vamos defender a floresta… não custará assim tanto! Se há dezenas ou centenas de criminosos no nosso território, no nosso concelho, que não têm escrúpulos de chegar fogo ao monte e que não sabem que ao chegarem fogo ao monte não ardem só as árvores».
Por fim e como complemento ao que disse, Orlando Alves profere algumas interrogações interlaçadas em reflexões: «as pessoas não sabem o que é que uma árvore significa. Porque é que as pessoas chegam fogo ao monte e depois no Verão andam à procura de sombra? Uma árvore também é um sumidouro de carbono. Isto é criminoso porque quando na minha infância ocorriam situações destas eram ocasionais. Mas la ia o povo todo, íamos todos ajudar! Agora ninguém se mobiliza, dá a impressão que os bombeiros têm obrigação. Não têm, são voluntários! Haja respeito por quem abandona a sua família e vai para o monte apagar fogos. Mobilizemo-nos todos em volta deste desígnio que tem que ser um desígnio nacional. Tudo isto é uma loucura que eu lamento!».
 
Reportagem TV BARROSO
 

Mais de 150 hectares ardidos
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